sexta-feira, 8 de abril de 2011

Onde estão e como trabalham os investidores anjo? Como captar investidores sem correr o risco de roubarem a sua ideia?


Os investidores anjo são pessoas físicas que investem uma parcela de seu capital disponível em empreendimentos start-up em troca de uma participação acionária preferencial, com vistas a promover a valorização do mesmo e sua venda (saída) para realização do seu retorno. Por investirem em um estágio do negócio em que o risco é muito elevado, os anjos assumem geralmente uma participação minoritária. O que diferencia o investidor anjo de outros investidores individuais que por vezes investem apenas capital em empresas emergentes e de fundos de capital de risco, semente e outros, que investem em empreendimentos já estruturados, é que o anjo, primeiro, investe apenas em oportunidades em um raio de até 200 quilômetros de sua residência. Isso em função de sua principal característica definidora, ou seja, o fato que o anjo participa ativamente da gestão do negócio junto com o empreendedor, fazendo uso de sua expertise técnica e experiência profissional e empresarial, e alavanca sua rede de relacionamentos para contribuir com o deslanche e o crescimento inicial do empreendimento.

De acordo com o Center for Venture Research, os anjos norte-americanos investiram US$ 19 bilhões em mais de 55 mil negócios start-up em 2008. A partir do final dos anos 80, começaram a se formar os primeiros grupos de investidores anjo que compartilham o fluxo de oportunidades de negócio (dealflow) e a as atividades de duediligence, e juntam seus recursos para realizarem investimentos de maior porte. Estima-se que haja mais de 300 grupos ou associações de investidores anjo, com entre 10 e 150 participantes cada, totalizando 12 mil investidores anjo ativos nos Estados Unidos em 2008.

No Brasil, o primeiro grupo de investidores anjo foi fundado em 2004: Gávea Angels. Associação pioneira também na América Latina, surge a partir de pesquisas realizadas no laboratório NEP Gênesis da PUC Rio que revelaram existência de anjos individuais então atuando no país e a análise de sua importância para o desenvolvimento de empresas inovadoras. De 2004 a 2009, associados da Gávea Angels realizaram quatro investimentos, dos quais dois fecharam suas portas e dois seguem crescendo. Nos últimos dois anos, foram criadas organizações de investimento anjo em São Paulo (SP Angels), Florianópolis (FloripaAngels) e Bahia (Bahia Angels). Em 2010, o Gávea Angels atingiu a marca de 15 associados e dois investimento feitos, com mais dois em estágio avançado de negociação. As metas do Gávea Angels para 2011 são chegar a 30 associados e fechar oito investimentos, prospectados em cinco Gávea Angels Fórum ao longo do ano, com a apresentação de três oportunidades por fórum aos seus associados.

O empreendedor deve sempre buscar saber em que segmentos o grupo de investidores anjo de sua região investe, qual sua faixa de investimento e qual a filosofia de análise da oportunidade e monitoramento da evolução do empreendimento. Por exemplo, o Gávea Angels faz investimentos na faixa de R$ 50 mil até cerca de R$ 800 mil, em múltiplas rodadas de acordo com o cumprimento de metas (milestones), analisa a oportunidade em função da sua perspectiva de crescimento rápido e a habilidade do empreendedor em geri-lo e monitora de perto o desenvolvimento do negócio em todas as suas vertentes, inclusive a financeira, com reuniões periódicas com o empreendedor.

No caso da associação sem fins lucrativos Gávea Angels, o empreendedor apresenta sua ideia, com seu modelo de negócio e mercado, e o valor de investimento desejado, com as atividades previstas, apenas para os associados, que estão submetidos ao Código de Ética da associação. Após a apresentação feita no fórum, aqueles associados interessados em fazer investimento em tal ou qual empreendimento, sinalizam seu interesse e se reúnem com o investidor. Nesse estágio é que estes assinam um acordo de confidencialidade para ter acesso aos números e informações adicionais necessárias para a realização do duedilligence do empreendimento e do empreendedor.


Fonte: PEGN

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