quinta-feira, 7 de abril de 2011

A década digital brasileira


Google e Facebook trazem sua rixa para o país e escancaram o interesse por um mercado que já movimenta mais de US$ 50 bilhões a cada ano – e paga tão bem como os bancos.

Com menos de duas semanas de intervalo, na virada de fevereiro para março, dois dos mais altos executivos da maior empresa de internet do mundo estiveram em São Paulo.

Primeiro, veio Dennis Woodside, vice-presidente do Google para as Américas. Na sequência, o próprio Eric Schmidt, CEO da companhia há quase dez anos, agora devolvendo o bastão para Larry Page, um dos fundadores. Ambos vieram anunciar basicamente a mesma novidade: que a filial brasileira tem um novo presidente e contratará 50% mais funcionários do que previa até o fim do ano. Não se trata de uma coincidência nas agendas apertadas dos dois. No Brasil, mercado emergente que mais fatura em sua operação global, o Google está sob ataque.

A guerra foi declarada em fevereiro, quando Alexandre Hohagen, então vice-presidente do Google para a América Latina, deixou a empresa para assumir cargo idêntico no Facebook. É justamente nesse contexto que as visitas devem ser entendidas. Com o olhar sereno de sempre, por trás da indefectível armação redonda dos óculos, Schmidt admitiu, em entrevista a Época NEGÓCIOS durante a rápida passagem por São Paulo, que sua vinda ao país era parte de uma ofensiva de charme para contrabalançar as notícias sobre a perda de Hohagen. Mas negou qualquer mudança de rota para responder à ofensiva do Facebook. “A estratégia é basicamente a mesma”, disse. Talvez sim, mas com um novo líder local e reforços a caminho. Fábio Coelho, ex-diretor-geral do iG, foi nomeado CEO do Google no Brasil, uma operação que vai abrir pelo menos 125 novas vagas até o final do ano. Até a partida de Hohagen, falava-se em 60.

Em boa medida, o ataque ao Google (e sua reação) é efeito colateral de seu sucesso. A receita da companhia na América Latina mais que dobrou a cada 12 meses durante quatro anos. No ano passado, impactada pela crise econômica mundial, cresceu “apenas” 80%. No Brasil, pessoas familiarizadas com a operação estimam o faturamento do Google em mais de R$ 1 bilhão por ano – praticamente o mesmo que toda a receita publicitária gerada na internet brasileira, de acordo com o Projeto Inter-Meios.

Ao contratar Hohagen – o executivo que montou a estrutura corporativa responsável pelos números do Google na região –, o Facebook sinaliza ao mercado que entra para valer na disputa pela publicidade online e, não menos importante, pela escassa mão de obra realmente especializada em serviços digitais. Seu principal trunfo, como no mundo todo, é um público numeroso, fiel e crescente. No começo de 2010, eram 8 milhões de brasileiros, que gastavam, em média, uma hora e meia por mês no Facebook. Um ano depois, já são 20 milhões de pessoas, passando duas horas e meia mensais no site, segundo dados do Ibope Nielsen Online. O avanço, não é segredo, dá-se em cima do Orkut.

Fonte: época negócios

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