quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Joseph Stiglitz: "O capitalismo sem controle é perigoso"


O economista americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001 e ex-comandante do departamento econômico do Banco Mundial, ganhou destaque com a explosão da crise global, em setembro de 2008. De figura marginalizada, em razão de suas críticas ao "fundamentalismo do livre mercado", ele passou a ser ouvido com atenção até por financistas que torciam o nariz para suas ideias. No livro O mundo em queda livre, recém-lançado no Brasil (editora Companhia das Letras, R$ 66), Stiglitz diz que a crença na eficiência dos mercados morreu com a crise. Segundo ele, o melhor sistema econômico é o dos países escandinavos - a carga tributária é elevada, mas o governo oferece "boas políticas" de proteção social. Para horror dos economistas mais ortodoxos, Stiglitz afirma que o Brasil deveria se preocupar menos com a inflação e o tamanho do Estado. "A inflação é importante, mas é apenas uma variável."

ENTREVISTA - JOSEPH STIGLITZ

QUEM É
Economista americano, de 67 anos, é professor da Universidade Colúmbia, EUA. Foi economista-chefe do Banco Mundial de 1997 a 2000. Ganhou o Nobel de Economia em 2001


ONDE ESTUDOU
Formou-se em economia no Amherst College, em 1963. Fez o doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em 1967. Também foi pesquisador na Universidade de Cambridge, Inglaterra, no fim dos anos 60


O QUE PUBLICOU
O mundo em queda livre (Ed. Cia. das Letras, 2010), Livre mercado para todos (Ed. Campus Elsevier, 2006) e A globalização e seus malefícios (Ed. Futura, 2002), entre outros


ÉPOCA - Em sua visão, passados dois anos da quebra do Banco Lehman Brothers, qual foi o impacto da crise global sobre o capitalismo?
Joseph Stiglitz - Há duas formas de analisar essa questão. A primeira é que o desempenho da economia nos países desenvolvidos tem sido desanimador. Nos Estados Unidos e na Europa, o baixo crescimento, o alto desemprego e a subutilização de capacidade de produção têm sido terríveis. Mas igualmente importante é a mudança de percepção sobre o sistema capitalista. Antes da crise, as pessoas acreditavam que os mercados eram eficientes, que a desigualdade de renda poderia ser indesejável, mas era justificável pelos incentivos que oferecia ao crescimento econômico. Agora se percebeu que os mercados não são eficientes, não são estáveis, e que os altos bônus recebidos pelos executivos dos bancos representavam um prêmio às perdas recordes que aconteceram. As pessoas podem até entender que alguém inovador, que cria riqueza, seja premiado. Mas eles foram premiados por destruir riqueza - e isso minou a fé no sistema de mercado.


"Nos países escandinavos, a carga tributária chega a quase 50% do PIB, mas eles têm a melhor qualidade de vida do mundo"


ÉPOCA - De que forma essa percepção está afetando o sistema hoje?
Stiglitz - Nos EUA, embora os mercados tenham fracassado, há uma forte percepção de que o governo também falhou e deu dinheiro aos bancos que provocaram o problema. O resultado é que há uma desilusão com ambos, o mercado e o governo. Isso explica o fortalecimento do movimento Tea Party, que pode ser descrito como um movimento anti-establishment. Até acho que o governo (do presidente Barack) Obama ajudou a economia. Fez bem mais que o governo Bush. Sem os pacotes de estímulo, o desemprego estaria em 12% ou 13% (da população ativa), e não nos 9,8% em que está hoje. Mas, infelizmente, não foi o bastante. Hoje, um em cada seis americanos que buscam um emprego formal não consegue encontrar. As execuções de hipotecas estão subindo, e não caindo como se esperava. A percepção é que o governo gastou muito dinheiro, deu muito dinheiro aos bancos e não resolveu o problema. A reação é de revolta e rejeição.



ÉPOCA - Essa reação também está acontecendo em outros países?
Stiglitz - Acho que o efeito na Europa e nos mercados emergentes foi diferente.
Na Europa, a percepção é que o governo ajudou a economia, e o modelo de proteção social europeu ajudou a Europa a responder à crise. Não há um movimento antigoverno. Mas eles pensam que os pacotes de salvamento da economia tiveram um impacto tão forte nas contas públicas que agora podem ter de cortar gastos. Isso vai impedir a retomada e aumentar o risco de um novo mergulho da economia. Essa reação, de defesa de uma austeridade inapropriada para as circunstâncias, é diferente da que houve nos EUA, mas é quase igualmente irracional. O interessante é que, na Ásia, eles também adotaram políticas de estímulo keynesianas - e funcionou. É a única parte do mundo que está indo bem. A América Latina também. Mas parte do sucesso da América Latina é porque há melhor regulação dos bancos e políticas sociais melhores. E parte porque a região é grande exportadora de commodities e foi beneficiada pela alta dos preços internacionais, estimulada pelo forte crescimento da Ásia.


ÉPOCA - O Brasil foi um dos países menos afetados pela crise. Além da alta das commodities, o governo cortou impostos e aumentou os gastos públicos. Mas, agora, muitos economistas estão preocupados com o superaquecimento da economia e passaram a defender uma política fiscal mais austera. Eles estão certos?
Stiglitz - Primeiro, é preciso dizer que o Brasil está numa situação completamente diferente dos EUA e da Europa porque o crescimento está forte. O segundo ponto é que o debate não deveria ser sobre cortar ou não os gastos do governo. Essa questão inclui a discussão sobre o tamanho adequado do Estado - e isso não tem nada a ver com o superaquecimento da economia. A decisão de cortar ou não os gastos públicos depende da visão que você tem sobre o retorno dos gastos e dos investimentos governamentais. No caso do Brasil, o país ainda precisa investir muito em educação e tecnologia. É preciso, portanto, fazer uma análise mais detalhada sobre o que vai ser cortado e sobre o custo de oportunidade dos cortes.


ÉPOCA - A maior preocupação no Brasil é com o impacto dos gastos públicos na inflação. Isso não é importante?
Stiglitz - Em minha opinião, o governo não deve se concentrar excessivamente na questão da inflação. Dada a história da inflação na América Latina, é difícil não se preocupar com a inflação. Mas, em alguns países, como nos EUA, há muita discussão sobre o fato de a política monetária do Banco Central ter como alvo a inflação. Ao se concentrar na inflação, eles deixaram de lado coisas mais importantes, como a estrutura do sistema financeiro. A lição é que a inflação é importante, mas é apenas uma variavel. Se a inflação tiver componentes importados, por causa do aumento global do preço dos alimentos, a desaceleração da economia não resolverá o problema porque os preços são determinados pelo mercado internacional.


ÉPOCA - Os economistas dizem que o Brasil não pode crescer mais que 4,5% ou 5% ao ano sem aumento da inflação...
Stiglitz - Acho que esse é um jeito errado de ver as coisas. Nas economias mais dinâmicas, em que há espaço para a inovação, como no caso do Brasil, não há razão para que não se possa crescer de forma mais rápida. A China está crescendo 9%, 10%, 11%, 12% ao ano. A Índia está crescendo 9%. Antes de 1980, o Brasil crescia 5,7%, em média, por ano. Para mim, se você aumentar a produtividade, por meio da educação, da tecnologia, você poderá crescer mais rapidamente, sem aumentar a inflação. Na China, durante muitos anos, houve um debate parecido. Sempre havia alguém dizendo que o governo tinha de desacelerar o crescimento. Mas o governo chinês conseguiu estabilizar o crescimento em um patamar elevado, s e a inflação não subiu. O pessoal gritou "fogo" muitas vezes quando não havia fogo nenhum. Se eles tivessem ouvido quem estava com medo do superaquecimento, a China teria hoje uma economia 10% ou 20% menor do que tem.


ÉPOCA - O maior argumento para defender o corte de gastos é que o governo contratou milhares de funcionários públicos, em vez de investir em educação, infraestrutura...
Stiglitz - Desde o governo (do presidente Fernando Henrique) Cardoso, o Brasil se tornou muito respeitado por seus programas de proteção social. Teve grandes progressos na educação. Certamente, os retornos de alguns gastos têm sido muito positivos. Em nenhuma economia existe a eficiência absoluta. E nunca nenhum governo desperdiçou tanto dinheiro quanto o sistema financeiro americano. Nenhum governo desperdiça tanto dinheiro como o sistema privado de saúde americano. Os EUA têm desperdícios enormes no setor privado de saúde. Muito mais que no setor público.


ÉPOCA - Em geral, acredita-se que o setor privado é sempre mais eficiente...
Stiglitz - Algumas vezes, é. Outras, é muito ineficiente. Nos EUA, a área mais eficiente e mais respeitada da economia são as universidades - e a maioria não é voltada para o lucro. As escolas com fins lucrativos são terríveis. Os casos mais bem-sucedidos são fundações. Elas não são públicas. Pertencem ao Terceiro Setor. Não têm fins lucrativos.


ÉPOCA - O senhor acredita ser possível aumentar a participação do Estado na economia sem desestimular os investimentos privados e travar o crescimento?
Stiglitz - Se isso não for feito do jeito certo, você poderá ter um governo enxuto que atrapalha a economia. Não é o tamanho que importa, é o que o governo faz. Se o governo cobra impostos, mas gasta o dinheiro em educação e investimentos, torna a economia mais produtiva e estimula o crescimento. Nos EUA, a carga tributária é bem menor que na Suécia. Mas os americanos gastam 17% do PIB em saúde porque o sistema privado é muito ineficiente. Se houvesse um sistema público de saúde, seria melhor. Outro exemplo: um dos grandes serviços que o governo oferece nos EUA é a aposentadoria. Há também os planos privados de aposentadoria. A pergunta é: qual é o sistema mais eficiente? O sistema público de aposentadoria americano é muito mais eficiente que qualquer programa privado.


ÉPOCA - No Brasil, a carga tributária é de quase 40% do PIB. O senhor não acha que o peso do governo na vida dos indivíduos e das empresas já é excessivo?
Stiglitz - A questão não é tanto o nível da carga tributária quanto sua estrutura. Nas economias mais dinâmicas, como a da Escandinávia (Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega), a carga tributária é próxima de 50% do PIB - e lá eles têm a melhor qualidade de vida do mundo. Eles dizem que isso é possível porque o governo é forte e oferece boas políticas de proteção social e uma educação de qualidade. Então, a resposta depende das circunstâncias de cada país.


"No Brasil, o debate não deveria ser sobre cortar ou não gastos públicos. Isso não tem nada a ver com o superaquecimento da economia"


ÉPOCA - Considerando isso, o senhor acha que, no futuro, o sistema capitalista será muito diferente do que antes da crise?
Stiglitz - Sim. Mais uma vez, gostaria de responder à pergunta sob o ponto de vista de diferentes países. Acredito que, nos mercados emergentes, o debate sobre o Consenso de Washington (conjunto de medidas liberais para promover o ajuste de economias em dificuldades) morreu. Ninguém mais o leva a sério. Daqui para a frente, os países em desenvolvimento terão uma visão muito mais balanceada do papel do governo na economia. Nos EUA e na Europa, o debate é um pouco diferente. Há uma percepção de que o capitalismo sem controle é perigoso e é preciso regular os bancos. Há muita discussão a respeito da criação de um imposto sobre transações financeiras. Antes da crise na Europa, muita gente pensava que eles deveriam seguir o exemplo americano, mais dinâmico. Agora, você não escuta mais isso.


ÉPOCA - Há algum modelo a seguir?
Stiglitz - Hoje, na Índia, na Europa, em todo lugar, o que mais se fala é do modelo escandinavo. Há um reconhecimento de que é um modelo que funcionou e provoca inveja no resto do mundo. A questão é: será que ele vai funcionar para a Índia, o Brasil e outros países? É claro que terá de ser adaptado, assumir formas diferentes, mas é provável que sim.


ÉPOCA - O que chama a atenção é que eles conseguiram isso com uma economia aberta, sem restrições à competição de produtos estrangeiros...
Stiglitz - Eles argumentam que é porque têm um bom sistema de proteção social que podem obter o apoio político para promover a abertura econômica. E é graças aos altos tributos que eles podem oferecer uma educação de qualidade e desenvolver uma tecnologia que lhes permita responder com confiança à competição estrangeira.


"Em 2011, haverá uma desaceleração do crescimento global. Os mercados emergentes vão continuar a crescer, mas não terão força para puxar a Europa e os EUA"


ÉPOCA - Qual a sua previsão para o desempenho da economia global em 2011? Ainda há muito a temer?
Stiglitz - Sim. É provável que as medidas de austeridade tomadas na Europa levem a uma desaceleração da economia e que as dificuldades financeiras de alguns países provoquem um aumento na instabilidade financeira global. A desaceleração européia terá um efeito negativo nos EUA, que esperavam aumentar suas exportações para puxar o crescimento econômico. Os EUA esperavam que um dólar fraco iria aumentar suas exportações. Mas, por causa da instabilidade na Europa, o dólar vai se fortalecer -- e não cair -- em relação ao euro. Estou relativamente confiante de que a Ásia terá condições para continuar a crescer, mas não terá força para puxar a retomada da Europa e dos EUA.


ÉPOCA - Qual deverá ser o impacto das crises na Grécia, Irlanda e em outros países europeus na economia global no ano que vem?
Stiglitz - Acredito que isso é algo que deve trazer alguma preocupação, mas os EUA provavelmente não sofrerão tanto, porque a Ásia continuará a crescer. Os mercados emergentes, como China e Índia, que têm enormes mercados internos, também não deverão ser muito afetados. Eles estão reestruturando suas economias para estimular o consumo interno e para depender menos dos países desenvolvidos. O Brasil também tem um grande mercado interno. Esses países serão capazes de sustentar o crescimento de suas economias, apesar da fraqueza nos EUA e nos EUA. Hoje, vários países asiáticos que eram voltados para exportação, principalmente para os EUA, estão reorientando suas economias em direção à própria Ásia.


ÉPOCA - Em termos globais, o senhor acredita que a taxa de crescimento de 2011 será menor que a de 2010?
Stiglitz - A maioria da previsões prevê uma desaceleração significativa do crescimento global em 2011. Isso deverá acontecer principalmente porque a Europa e os Estados Unidos não irão bem.


ÉPOCA - O senhor acredita que, hoje, o dólar está perdendo a sua função de reserva de valor global?
Stiglitz - Claramente, a importância do dólar está diminuindo. Eu defendo a criação de de um sistema global de reservas. É uma idéia que recebeu apoio da China, da França, da Rússia. Acho que é algo que temos de fazer. O que me preocupa é que, em vez de criarmos um sistema global de reservas, a gente passe para um sistema que tenha o dólar, o euro, o iene, o iuan. Isso será muito instável. Em uma hora o dólar será forte, em outra será o euro. E, quando os investidores mudarem seus portfólios, isso criará muita volatilidade.


ÉPOCA - O que senhor pensa do crescimento da importância do G-20 (o grupo que reúne os maiores países desenvolvidos e emergentes).
Stiglitz - Eu me preocupo com a falta de representatividade política do G-20. Acho que isso deveria ser feito no âmbito da ONU. Eu defendo um conselho global de economia na esfera da ONU.


ÉPOCA - Qual a sua opinião sobre o aumento do peso dos países emergentes no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI)?
Stiglitz - É muito bom que eles tenham mais voz. Acho que eles deveriam exercitar suas vozes de forma mais ativa.


ÉPOCA - Qual é sua opinião sobre o pacote de US$ 600 bilhões do FED (Federal Reserve, o banco central americano), que desagradou tantos países?
Stiglitz - Acho que as reclamações estão certas. É pior do que isso. Eu tenho sido um crítico pesado do relaxamento monetário. Para mim, o possível benefício desse pacote para os EUA é muito pequeno. As grandes empresas americanas não precisam de dinheiro. Elas têm uns dois trilhões de dólares em caixa hoje. E as pequenas empresas não receberão muito mais dinheiro, porque o sistema bancário não se ajustou ainda. Elas estão com falta de capital, não conseguem ter acesso ao crédito, mas reduzir as taxas de juro de longo prazo não vai resolver esse problema. Nós já reduzimos as taxas de curto prazo para zero e não aconteceu nada. Em 2001, a política monetária funcionou para criar a bolha imobiliária e não para estimular investimentos reais, que tornam a economia mais produtiva. Por que imaginar que isso vai funcionar agora? Se funcionar, isso acontecerá principalmente por causa da desvalorização relativa do dólar. O presidente (Barack) Obama disse que é do interesse do mundo que os EUA cresçam de forma mais rápida - e ele está certo. Mas não é do interesse do mundo que os EUA cresçam mais rápido à custa de outros países. Se ele estimulasse a economia com medidas fiscais, seria uma coisa boa. Mas estimular a economia com uma política que prejudica outros países é uma política ruim. A política de relaxamento monetário vai continuar a provocar reações adversas em todo o mundo, no Brasil, na China. E o resultado é que isso levará a novas medidas de controle de capital, aumento de impostos, intervenções governamentais, que é exatamente o contrário do que os EUA têm defendido por décadas.


"A nova legislação bancária aprovada pelo Congresso dos EUA não é suficiente para evitar a repetição de uma crise global como a que vivemos hoje"


ÉPOCA - Em seu último livro, o senhor critica o "fundamentalismo do livre mercado". O senhor diz que o sistema financeiro tem muita influência em Washington e que os grandes bancos foram os grandes responsáveis pela crise. Isso não é uma visão ideológica do problema?
Stiglitz - Essa é uma descrição empírica. Ninguém discorda de que os bancos administraram mal os riscos, aplicaram mal seu capital, fazendo maus empréstimos, que levaram à bolha imobiliária. Eles tiveram também um papel central na crise de crédito que aconteceu depois do calapso do banco Lehman Brothers e que levou à retração da economia global e à redução do fluxo de crédito. Então, os bancos falharam em fazer o que deveriam fazer. Não há dúvida sobre isso. Se não fosse pela operação-salvamento do governo, os bancos teriam morrido. Agora, há muita discussão sobre por que os bancos fracassaram. Acho que parte foi porque eles já fizeram isso várias vezes -- e foram salvos repetidamente. O retrospecto deles é terrível. Por isso, temos de ter controles, criar regulações, que foram desenhadas para parar com esse tipo de mau comportamento. Mas os reguladores falharam - e isso, sim, foi ideológico. Isso aconteceu porque a ideologia de que os mercados poderiam poderiam se auto-regular, contra todas as evidências, predominou. Foi essa ideologia que levou à lona a economia global. A grande lição da crise é descartar essa ideologia. Os mercados oferecem serviços importantes, mas eles falham. Temos de tentar aproveitar os benefícios, mas também corrigir os erros.


ÉPOCA - O senhor acredita que mesmo depois da crise os bancos mantiveram sua influência em Washington?
Stiglitz - Absolutamente. A lei aprovada pelo Congresso americano claramente não protege os EUA de outra crise. Foi uma iniciativa na direção certa, mas ela é cheia de exceções e exclusões. Os bancos poderão continuar a fazer certos tipos de operações de alto risco. Não sabemos ao certo muitos pontos, porque eles foram delegadas aos reguladores. Dependendo das regulamentações que eles definirem e de como eles vão fiscalizá-las é que vamos saber como as coisas irão. Algumas pessoas que idealizaram a lei são as mesmas que estavam no comando da economia antes da crise. O (Ben) Bernanke (presidente do Fed, o banco central americano) ainda está lá. A pergunta que todo mundo se faz hoje é por que devemos imaginar que eles farão um trabalho melhor agora do que fizeram antes.


ÉPOCA - Se o senhor tivesse de dar um conselho para o Brasil, hoje, qual seria?
Stiglitz - O Brasil fez muitas coisas certas. Agora, se quiser continuar a crescer, terá de baixar os juros reais (acima da inflação), que estão entre os mais altos do mundo. Não dá para ter um setor privado vibrante com juros reais tão altos. Além disso, é preciso ampliar os investimentos em educação. A política industrial, com o apoio do BNDES, também é importante, assim como as políticas de proteção social. Há 20 anos, quando começou a desenvolver suas políticas sociais, o Brasil tinha altos índices de desigualdade. Hoje, melhorou bastante, mas ainda há muito a ser feito. Não dá para deixar isso para trás. Esse é um longo caminho, mas é preciso persistir nele para alcançar os resultados desejados

Fonte:revista època

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

E a crise, rabino?


Tempos de crise econômica deveriam propiciar revisões sobre propósitos e estilo de vida, em busca do saudável equilíbrio. Mas não é o que em geral ocorre. Em vez disso, a maioria das pessoas tende para visões extremadas. Algumas radicalizam seu apego aos bens materiais. Outras vão em busca de atalhos mágicos. Poucas optam pelo caminho do meio. “A negação da materialidade conduz justamente para o campo oposto, onde as pessoas querem se imaginar angelicais, fora da dimensão humana”, afirma o rabino Nilton Bonder, 52 anos.

Líder espiritual da Congregação Judaica do Brasil, doutor em literatura hebraica pelo Jewish Theological Seminary e formado em engenharia pela Universidade de Columbia, Bonder é hoje o principal responsável pela popularização dos ensinamentos da cultura judaica no Brasil. Faz isso escrevendo best-sellers classificados como autoajuda. A Cabala do Dinheiro, A Cabala da Inveja e A Alma Imoral, alguns de seus livros, foram lançados também nos Estados Unidos, na Europa e Ásia. No depoimento a seguir, Bonder expõe ideias que conciliam Céu e Terra.

>>> SOBRE O IMPACTO DA CRISE

“Acho que, isoladamente, não produzirá uma reflexão madura. Vejo as pessoas utilizando sempre os velhos truques protecionistas em relação a seu patrimônio, em vez de empreender uma ação solidária. Isso significa que não entenderam que seus ativos só terão valor em economias em que o bem coletivo seja mais valorizado do que o privado. As bolhas sempre representam tentativas de ‘ter para si’. Não refletem uma economia de verdadeiro investimento. São mecanismos complexos que só aparentam ser parte da economia real, mas não passam de multiplicações e alavancagens virtuais. A imaginação e suas abstrações são mágicas. E a mágica predileta é justificar a si e a seus interesses. Precisaremos de outros fatores catastróficos (entre eles os ecológicos) para que esta ficha caia de forma mais contundente.”

>>> MELHOR X MAIOR

“Se realmente estamos tentando ser os melhores, não há nada de errado nisso. O problema é querer ser o maior. As pessoas que tentam ser as melhores, em todos os campos, vão para um lugar extremamente gratificante, que é o de ultrapassar as barreiras, ver seu esforço verdadeiro ser retribuído. Ser melhor implica disciplina, esforço, trabalho. Mas muitas pessoas querem ser as maiores. O que normalmente implica atalho, mágica, se dar bem, tirar do caminho aqueles que são melhores. Esse sonho de ser o maior é ilusório. Quem quer ser o maior vai descobrir a insignificância humana. Aqueles que continuam na busca da excelência verdadeira por meio do trabalho, do estudo – não para o engrandecimento de si mesmos, mas para cumprir sua função existencial, para dar vazão aos seus dons – terão um retorno maravilhoso. O que você conquistou em busca de sua melhor capacidade, isso é o sagrado.”

>>> A DIMENSÃO ESPIRITUAL

“Muitas vezes, quando as pessoas entram no caminho espiritual, não o fazem plenamente. Porque talvez elas não sejam bem-sucedidas, e vão buscar isso como um truque para valorizar suas vidas, numa sociedade tão voltada para o mérito e a capacidade. Hoje a espiritualidade ocupa o espaço de poder oferecer sentido e valor àqueles que não são celebridades. ‘Como foi possível que outros tenham conseguido se tornar celebridades, ter sucesso, ficar muito ricos, e eu não?’ É como se você não compartilhasse de um segredo, como se fosse algo externo a você. Na verdade, a busca por um lugar sagrado de paz não é algo externo, mas interno. Esse é um dos grandes problemas de nosso mundo. Em parte, há a mídia, a ilusão transformada em audiovisual, em iPod, em televisão, em computador, internet – essa coisa que é fantástica mas, ao mesmo tempo, gera angústia: ‘Por que dormir, se o mundo está acordado 24 horas’? É tão perversa a idolatria hoje em torno da ideia de se tornar bem-sucedido que se consegue fazer uso até mesmo da espiritualidade, vendê-la camuflada como mais um produto, como é o caso das promessas da obra O Segredo.”

>>> O ESTRESSE

“Quantas vezes agredimos nosso corpo, dizendo ‘você tem de conseguir, tem de fazer, tem de realizar’? O estresse é exatamente isso, o corpo dizendo ‘não aguento’ e nós insistindo, batendo. Então, a maldição é o momento em que você, em vez de abraçar as possibilidades da vida, que é repleta de bênçãos, por causa de algum projeto exterior começa a agredir a si próprio. Isso pode ser de maneira física, emocional, como querer muito alguma coisa, ou pode ser até mesmo de maneira espiritual. Essas maldições ‘ganham’ a materialidade de uma doença, a materialidade de um azar constante que se repete, e você continua tentando, sem parar para pensar ‘deve ter alguma coisa na minha intenção que faz com que os meus erros se repitam’. O problema não está na técnica ou na estratégia. Quando uma coisa sai errada muitas vezes, com certeza é a intenção que está errada.”

>>> A POPULARIZAÇÃO DA CABALA

“O mundo está muito sedento por encontrar caminhos espirituais. A cabala é uma tradição de grande riqueza, profundidade, simbolismo, um patrimônio da humanidade. E está aí para as pessoas usufruírem. Mas usufruir depende muito da intenção das pessoas. Não vou me referir a nenhum mestre, a nenhum grupo, mas digo: se você foi trazido à cabala pela vontade de ser especial, ou se alguém te apontou esse caminho como um ‘grande segredo’, e que de posse dele você vai ser muito especial, de antemão afirmo que você está em busca de um produto, que vai ser apenas uma extensão do que você encontra num supermercado. E que eles estão muito interessados no seu dinheirinho.”
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domingo, 26 de dezembro de 2010

Warren Buffett: o segredo do sucesso do bilionário


A biografia de um dos homens mais ricos do mundo traz conselhos mesmo para quem não tem como objetivo chegar a US$ 1 milhão.

Ele pode não encabeçar mais a lista dos homens mais ricos do mundo, após ter perdido alguns milhões com a crise financeira. Mas isso não quer dizer que o bilionário norte-americano Warren Buffett não seja um exemplo típico de sucesso a ser seguido. Sua biografia “Bola de Neve”, escrita por Alice Schroeder, virou leitura obrigatória entre o pessoal do mercado financeiro. O curioso é que Buffett usa uma filosofia de vida para cada parte de sua vida.

Segundo o livro, o segredo do sucesso de Buffett poderia ser resumido nos seguinte conselhos: invista seu dinheiro em boas empresas que são bem gerenciadas. Reinvista os lucros em outras boas empresas. Nunca pegue dinheiro emprestado. Faça tudo isso e seu dinheiro ganhará em valor.

Buffet é um homem de hábitos. Ele ainda mora na mesma casa que comprou em 1958, em Omaha, no estado de Nebraska. Todos os dias, exatamente às 8h30, senta-se na escrivaninha que pertenceu a seu pai, Howard, para começar o dia. No trabalho, passa o dia negociando e lendo tudo o que acontece no mercado financeiro, incluindo boletins diários do desempenho de suas empresas. Ele volta para casa sempre às 17h30.


SAIBA MAIS“Eu gosto de comer sempre a mesma coisa. Poderia comer sanduíche de presunto por 50 dias seguidos”, diz ele no livro. Pois bem, ele come sua comida em seqüência, um item por vez, e não gosta que os elementos se misturem no prato. Suas comidas favoritas são sorvete de chocolate com pedaços, pipoca, hambúguer e Cherry Coke.

Buffett, aliás, mantém uma filosofia para cada setor de sua vida, indo de derivativos financeiros até amor, círculo de competência e dieta.


Sucesso
Mesmo para um multibilionário como Buffett, vale dizer que nem tudo se resume a dinheiro. Ao contrário. “Basicamente, quando você chega à minha idade, você acaba medindo seu sucesso pela quantidade de pessoas que você quer que o amem – e que realmente o amam. Se chegar à minha idade e ninguém pensar bem a seu respeito, não importanto o tamanho da sua conta bancária, sua vida é um desastre.”


Derivativos financeiros
“Derivativos são como sexo”, ele disse em 1998. “O problema não é com quem você está dormindo, é com quem eles estão dormindo”. Em 2002, ele conseguiu prever que os derivativos destruiriam o sistema financeiro. Até agora, a maior parte das previsões de Buffett tem sido certeira, o que lhe valeu o apelido de Oráculo de Omaha.


“Círculo de Competência”
Warren Buffett acredita em operar dentro de suas próprias limitações no que ele chama de círculo de competência. Ele criou uma linha imaginária e se mantém atualizado e ativo nas áreas que conhece bem. Ele nunca comprou ações de tecnologia, por exemplo, mesmo sendo um dos maiores amigos de Bill Gates. Ele já disse que simplesmente não entende desse negócio.


Pensamento positivo
Mesmo os maiores conquistadores às vezes precisam voltar alguns passos para colocar as coisas no lugar. Sua mensagem para outros que, como ele, já passaram por isso: não permita que seus momentos menos gloriosos ganhem uma proporção maior do que deveriam. "Se você tem que ir do primeiro andar para o 100° de um edifício e aí tem que voltar para o 98° andar, você vai se sentir pior do que se tivesse ido do primeiro para o segundo andar. Mas você tem que combater essa sensação, lembrando que você ainda está no 98° andar”.


Carreira
Encontre alguma coisa pela qual você tenha um sentimento muito forte. Apenas trabalhe com pessoas que você gosta. Se você tem que trabalhar toda manhã com seu estômago revirando é porque você está no negócio errado.


Dieta
Como seria de se esperar, Waren Buffett faz uma espécie de dieta por números. Muitas vezes ele limita sua alimentação a mil calorias ao dia, mas ele cuida desse total como quem cuida de um orçamento. A ideia central é sua estratégia de afastar a dor da dieta com jejum. “Eu acredito que posso comer um milhão de calorias ao ano e manter meu peso. Então eu posso gastar essas calorias como quiser”. Quando seus filhos eram pequenos, ele assinava um cheque de US$ 10 mil pagável numa certa data se nesse dia ele pesasse mais do que o combinado. Para infelicidade deles, nunca viram a cor desse dinheiro. Ele preferia perder peso do que dinheiro.


Ideias
Momentos mágicos nos quais tudo fica claro não são o único caminho para mudar tudo na vida e ficar rico. Às vezes, diz Buffett, é possível se dar melhor na vida com uma ideia menos impresionante. "Você pode se dar mais mal com uma boa ideia do que com uma má ideia, ensinou o mentor do bilionário, Bem Graham, “porque você se esquece de que a boa idéia tem limites”.


Cuide de você mesmo
Buffett afirma que nunca fumou e não gosta de álcool. Aos 78 anos, ele é bastante saudável. Em um de seus discursos para graduandos, ele fala como seria se um gênio aparecesse para você aos 16 anos e lhe oferecesse um carro da sua escolha. Só tem uma pegadinha: esse é o único carro que você terá na vida. “Eu leria o manual do carro cinco vezes. E o manteria sempre na garagem. E, se por acaso ele riscasse só um pouquinho, o consertaria na hora antes que começasse a enferrujar. Cuidaria daquele carro para fazer com que durasse a minha vida inteira. É exatamente nessa posição que vocês estão no que diz respeito à sua mente e seu corpo”.


O “cartão de pontos interno”
Segundo Buffett, há dois tipos de pessoas na vida: aquelas que se preocupam com o que os outros pensam delas e aquelas que se preocupam em ser realmente boas. Qual delas você é? “A grande pergunta sobre o comportamento das pessoas é se elas mantêm um ‘cartão de pontos interno’ ou se é um ‘cartão de pontos externo’. Ajuda se você consegue se satisfazer com o cartão interno. Eu sempre olho para isto da seguinte maneira. Você gostaria de ser o maior amante do mundo, mas que todo mundo pensasse que você é o pior? Ou será que você preferiria ser o pior amante do mundo, mas que todo mundo pensasse que é o melhor?Essa, sim, é uma pergunta interessante.”


Lidar com suas deficiências
O bilionário foi muito influenciado pelo livro “Como Ganhar Amigos e Influenciar Pessoas”, de Dale Carnegie, publicado inicialmente nos anos 1930. O livro faz uma lista de 30 regras de comportamento. A primeira: “Não critique, condene ou reclame”. Essa ideia funcionou bem com Buffett, que sempre detestou críticas. Ele chegou a participar de um dos cursos de Carnegie sobre como falar em público. “Não dá para imaginar como eu ficava toda vez que precisava falar em público. Eu ficava tão apavorado que não conseguia, simplesmente começava a vomitar”. O curso foi um sucesso e desde então Buffett faz palestras, discursos e já foi elogiado por sua oratória.


Cultura
Não é um dos pontos fortes da vida de Warren Buffett. Ele disse que nunca se interessou por cultura porque interfere com seu foco nos negócios. Por mais de 30 anos, ele nunca notou o Picasso pendurado em um banheiro na casa de seu melhor amigo, Kay Graham, ex-publisher do jornal “The Washington Post”, até que ele mesmo lhe mostou.


Amor
Sempre há coisas que o dinheiro não compra. “O problema com amor é que você não pode comprá-lo. Você pode comprar sexo. Você pode comprar jantares em sua homenagem. Você pode comprar panfletos que dizem que você é maravilhoso. Mas a única maneira de conseguir amor é ser amado. É muito irritante se você tem muito dinheiro. Você gostaria de pensar que bastaria assinar um cheque”.


Política
Embora seu pai tenha sido um membro republicano do Congresso, Buffett é um democrata de longa data. Ele apoiou Barack Obama durante sua candidatura. Ele critica o que considera um sistema errado de impostos toda vez que paga menos tributos do que sua secretária.


“Memória de banheira”
Buffett não permite que problemas do passado atrapalhem sua vida. Na verdade, ele disse que sua memória funciona como uma banheira. A banheira está cheia de idéias, experiências e questões que interessam a ele. Quando uma informação não serve mais, pronto: ele puxa o tampão e ela vai embora pelo ralo. Pensamentos negativos ou que o fazem ficar triste são os primeiros a ir pelo ralo, juntamente com tudo o mais que possa distraí-lo de seu objetivo.


Regras para investir
Regra No 1: não perca dinheiro. Regra No 2: não se esqueça da Regra No 1. Regra No 3: não incorra em débito
fonte: PEGN

Receita regulamenta Lei dos Sacoleiros e beneficia milhares de empreendedores


Microempresas deverão se habilitar ao Regime de Tributação Unificada na Receita Federal, a partir de 1º de janeiro de 2011, para trazer mercadorias do Paraguai com imposto reduzido.


Milhares de sacoleiros brasileiros que fazem compras em Foz do Iguaçu terão a oportunidade, a partir de 1º de janeiro de 2011, de sair da informalidade ou pagar menos imposto. Um ano o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sancionado a lei que beneficia os sacoleiros, finalmente a instrução normativa regulamentando a nova lei foi publicada, no último dia 14 de dezembro.

Passam pela fronteira nesta época do ano milhares de brasileiros interessados em adquirir mercadorias no Paraguai para revendê-las no Brasil. Grande parte gasta muito mais do que os US$ 300, da cota terrestre de turista, que podem ser trazidos com isenção de tributos. Já os microempresários pagam muito imposto no momento da importação. A nova lei cria um regime de Tributação Unificada (RTU) pelo qual as mercadorias trazidas do país vizinho vão pagar uma alíquota única de importação de 25%, em vez dos 42,25% hoje cobrados.

Por isso, a chamada Lei dos Sacoleiros deverá beneficiar milhares de empreendedores. Mas para isso é preciso seguir algumas regras: somente microempresas optantes pelo Simples Nacional poderão optar pelo Regime de Tributação Unificada, conforme as regras da Instrução Normativa n.º 1.098/10 emitida pela Receita Federal do Brasil.

Passo a passo

Segundo o consultor jurídico do Sebrae em São Paulo, Boris Hermansoun, o primeiro passo para quem quer começar a importar do Paraguai, via terrestre, em pequena quantidade, é constituir uma microempresa com opção pelo Simples Nacional. Depois, o interessado deve procurar o escritório da Receita Federal onde está a sede da empresa e encaminhar a documentação necessária para aderir ao RTU.

“Quando der entrada no cadastro, o empresário terá sua empresa habilitada a partir do primeiro dia útil do mês subseqüente, desde que esteja com toda a documentação em ordem. Por enquanto o sistema não está informatizado, então, é preciso preencher as guias e encaminhar à Receita”, diz.

O cadastro da empresa será enviado à sede da Receita Federal em Foz do Iguaçu. Hermansoun explica que é preciso cadastrar a placa e o modelo do carro de transporte e também o nome do motorista. “O carro pode ser brasileiro. Quando chegar com a mercadoria à fronteira, é só apresentar o cadastro e pagar à vista o valor do imposto.” O consultor lembra que motos não são permitidas.

Alíquotas

As empresas optantes pelo RTU recolherão a alíquota única de 25% sobre o preço de aquisição das mercadorias importadas, mediante a apresentação da fatura comercial ou outro documento equivalente. Vale lembrar que o valor do imposto para os não-optantes é 42,25%.

Além deste imposto, será preciso pagar no Estado o valor do ICMS. A lei também fixou em R$ 110 mil o teto anual para importações. Os importadores só poderão comprar de empresas que estejam credenciadas neste novo regime no Paraguai.

Para os demais consumidores (turistas, moradores e visitantes da fronteira), não haverá alterações, ou seja, permanecerá a cota terrestre de US$ 300, ou aérea de US$ 500 (para embarques fora do Brasil), com alíquota de 50% sobre o valor que ultrapassar a cota de isenção.

Não poderão ser incluídas no RTU mercadorias que não sejam destinadas ao consumidor final, bem como armas e munições, fogos de artifícios, explosivos, bebidas, inclusive alcoólicas, cigarros, veículos automotores em geral e embarcações de todo tipo, inclusive suas partes e peças, medicamentos, pneus, bens usados e bens com importação suspensa ou proibida no Brasil.


fonte : PEGN

Site abre espaço para publicação de escritores


Os escritores que ainda não conseguiram espaço no mercado editorial têm uma alternativa para publicarem seus livros. Eles estão aderindo ao site Clube de Autores (www.clubedeautores.com.br), criado há cerca de dois anos e que já conta com sete mil títulos no catálogo. O leitor que se interessar por alguma obra encomenda o livro. Não existe custo para o autor publicar no site e a ferramenta permite a impressão do livro apenas conforme a demanda.

O Clube de Autores fica com a responsabilidade de imprimir e enviar o livro ao comprador. O site também paga os direitos autorais aos escritores. A ideia de criar o site veio da necessidade dos três sócios, que trabalham com internet e queriam publicar alguns livros. Eles perceberam que não existia um lugar para publicação de suas obras a não ser procurar uma editora e seguir o processo formal, com um alto custo. "Ou a editora te patrocina, o que é cada vez mais raro, ou você paga de R$ 5 mil a R$ 20 mil para mandar fazer uma tiragem", comenta Ricardo Almeida, diretor-geral do Clube dos Autores.

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13/05/2009
Projeto reúne escritores com público no Rio

Em média, um livro publicado no site vende dez exemplares. Segundo Almeida, o parâmetro é o mesmo das livrarias tradicionais. O leitor encontra no site a vantagem de conhecer obras com qualidade, mas que não teriam espaço no atual mercado editorial. "Eu considero o resultado muito bom. É a mesma média de livrarias tradicionais, que trabalham mais com best sellers. Tornou-se opção para os autores independentes que ainda batalham por espaço e um nicho de mercado. O Clube dos Autores tem livros com temas que dificilmente são achados nas livrarias tradicionais. Essa diversidade tem tudo a ver com a produção literária brasileira e tem muita gente com história para contar", afirma.

O analista de sistemas paranaense Fábio Guolo demorou cinco anos para escrever um livro, o Draco saga - o despertar. Teve dificuldades para encontrar uma editora. Depois de fazer a divulgação para amigos e em redes sociais, recebeu a indicação para publicar no site Clube dos Autores. Ele publicou o livro no início de novembro e já conseguiu 30 vendas. "Estas vendas foram das pessoas que já sabiam do meu trabalho. Mas esta é a oportunidade de atingir outras pessoas. E quem já leu começa a comentar. Acredito que seja um retorno bastante positivo. Estou bastante feliz com o resultado", garante.

O livro Draco saga - o despertar é um romance ficcional que traz como personagem principal um dragão. Ele hiberna por 200 anos e, quando acorda, encontra um mundo totalmente modificado, com o domínio do ser humano. Guolo explica que o livro é ambientado em um cenário típico da saga O senhor dos anéis. Ele já está trabalhando na sequência do primeiro livro. "Eu ainda não desisti de uma editora. Agora estou procurando para tentar viabilizar uma tiragem maior por um menor preço", revela.

O estudante João Ricardo Cavali adquiriu o livro de Guolo no Clube dos Autores. A motivação inicial foi a amizade que tem com o escritor, mas gostou do propósito do site. "Achei muito bacana porque dá oportunidade para os autores que estão começando. É a chance de lançar as suas obras. Por entrar no site, procurei outros estilos que eu gosto e encontro muita coisa interessante. Pretendo comprar outros títulos", declara.

fonte: parana online

Aos 84, fundador da Playboy fica noivo de playmate


Hugh Hefner, 84 anos, fundador da revista Playboy, vai se casar pela terceira vez. O empresário postou no Twitter que ele e sua namorada, Crystal Harris, 24, ficaram noivos na sexta-feira de Natal.

Hefner, que fundou a revista em 1953, divorciou-se de sua segunda mulher, Kimberley Conrad, no começo deste ano. Sua primeira esposa foi Mildred Williams.

Harris foi a Playmate do mês de dezembro de 2009.
fonte : bondenews

Sem trabalho, suplente custará até R$ 114 mil à Câmara


Eles terão direito de assumir o cargo, receber o salário de janeiro, usar verba indenizatória, contratar assessores e usufruir de auxílio moradia.
Por um mês sem trabalho, um grupo de suplentes de deputado federal terá o que comemorar. Na reta final do mandato, pelo menos 12 suplentes terão direito de assumir o cargo, receber o salário de janeiro, usar verba indenizatória, contratar assessores sem concurso público e usufruir de auxílio moradia. Um detalhe: nenhum precisará trabalhar.

Na ponta do lápis, haverá um gasto de R$ 103 mil a R$ 114 mil com as "férias" de cada um dos suplentes se eles usarem todo o pacote de benefícios a que têm direito. Desde quinta-feira, a Câmara está em recesso, voltando no dia 1º de fevereiro já com a posse dos deputados eleitos em outubro passado.

Mesmo no recesso, os suplentes poderão assumir as vagas que serão abertas com a renúncia de deputados eleitos vice-governadores ou licenciados que assumirão cargos no ministério de Dilma Rousseff ou secretarias de governos nos Estados, além da vaga que será deixada pelo deputado Michel Temer (PMDB-SP), eleito vice-presidente.

A previsão é que as renúncias aos mandatos e os afastamentos aconteçam na próxima sexta-feira, último dia, de acordo com a legislação, para o deputado que for tomar posse em Executivos estaduais ou no federal.

Na montagem do futuro ministério, a presidente eleita, Dilma Rousseff, escolheu quatro deputados que terão de se afastar da Câmara para tomar posse no dia 1º: Mário Negromonte (PP-BA), para o Ministério das Cidades, Maria do Rosário (PT-RS), para a Secretaria de Direitos Humanos, Pedro Novais (PMDB-MA), para o Ministério do Turismo, e Iriny Lopes (PT-ES), para a Secretaria das Mulheres. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

fonte: bondenews

P: Como saber que a empresa atingiu a excelência R: Se você acha que a atingiu, então não chegou lá?


Quer ter um negócio perfeito? O guru Tom Peters lhe dirá que, bem, não existe perfeição. Ser melhor é um processo contínuo, exige que o líder dê o exemplo e se livre dos lugares-comuns sobre gestão.
Tom Peters é um guru que evita os lugares comuns em que caem muitos conselheiros de gestão. Como atingir a excelência? Ele afirma que o caminho é difícil — e sem fim. Bons funcionários são aqueles que encantam os clientes e trazem resultado? Isso não adianta muito se não tiverem caráter. Como evitar erros na empresa? Não se deve evitar erros, e sim estimulá-los. Nesta entrevista exclusiva a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Peters dá respostas surpreendentes, que convidam à reflexão. Ele esteve em São Paulo em agosto para participar do Fórum HSM de Estratégia.

Quais aspectos devem ser priorizados para uma empresa ser excelente?
A excelência aplica-se a 100% das pessoas da empresa, tanto ao caixa e à recepcionista quanto ao engenheiro e ao cientista. Vale também para um funcionário de 23 anos que está no começo da carreira e não contou com uma boa formação. Mas há uma pré-condição: o caráter e o comportamento dos líderes. É impossível esperar que a excelência vá acontecer sem que todos vivam para buscá-la. Isso vale para empresas com duas pessoas ou com 200 mil pessoas.

Como é possível perceber que a empresa chegou lá?
Se você acha que atingiu a excelência, então não a atingiu. Trata-se de um alvo em movimento. A excelência não pode ser alcançada porque é uma atitude que todos — principalmente o líder — devem levar para o trabalho a cada dia. Você pode ter 73 anos de idade e ser muito rico, mas ainda não chegou lá. Eu sempre digo que a excelência não é um objetivo, é o que você vai fazer nos próximos cinco minutos. Há parâmetros que servem de referência — você pode verificar se as vendas cresceram, por exemplo. Mas os critérios variam, cada um sabe o seu. E a métrica não é tão simples. A maneira como se faz a coisa é tão importante quanto o resultado. Existem atletas que ganham jogos, mas não são pessoas muito honestas.

O que tem mudado na maneira de liderar?
Acredito que a liderança hoje é exatamente a mesma de sempre. A energia e a inspiração que o presidente Lula deu ao Brasil é o mesmo tipo de liderança de pessoas como Abraham Lincoln (ex-presidente dos Estados Unidos). Ou mesmo de figuras históricas, como Alexandre, o Grande, que viveu há milhares de anos.



TOM PETERS QUEM É: engenheiro civil e tem MBA e doutorado pela Universidade Stanford, nos Estados Unidos
O QUE FAZ: é um dos principais gurus de gestão de empresas do mundo e coautor
do best-seller Vencendo a Crise (In Search of Excellence), de 1982
SITE: www.tompeters.com

fonte : PEGN

O mestre da estratégia


Eleito pelo Financial Times como um dos 50 maiores pensadores do mundo em estratégia, o indiano Vijay Govindarajan garante: os mercados emergentes são os inovadores da vez. Consultor Chefe de Inovação na GE, ele é autor do termo “inovação reversa” — hoje as ideias surgem nos países emergentes, para depois serem exportadas para os mais ricos. Em entrevista a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, ele diz que a nova dinâ­mica gera oportunidades para pequenas e médias empresas.

Govindarajan participa, em novembro, da HSM ExpoManagement, em São Paulo.

O que é inovação reversa?
Historicamente, as potências investiam em inovação e produziam internamente, para depois exportar aos países em desenvolvimento. Esse processo, difundido na década de 1990, foi denominado glocalização. O termo significa pensar globalmente e atuar localmente. Inovação reversa significa o oposto. É fomentar a inovação em países como China, Índia e Brasil, para depois levá-la aos países ricos.

Os emergentes têm tecnologia para criar bens de consumo competitivos no mercado internacional?
As economias emergentes têm um longo caminho a percorrer. Mas isso não quer dizer que não podem ser competitivas.

Como as pequenas e médias empresas brasileiras podem aproveitar a inovação reversa?
Elas não podem ter medo de arriscar e competir com as multinacionais. O momento é excelente para pequenas e médias empresas porque elas conhecem a fundo o consumidor do país. Como entendem seus hábitos, podem suprir os anseios dos consumidores.

É difícil para empresas menores criarem um ambiente propício para a inovação?
Não. Essas empresas têm todas as ferramentas. São flexíveis, ágeis e empreendedoras, qualidades essenciais para inovar.

Qual a principal barreira para a difusão da inovação reversa?
É preciso promover uma mudança de mentalidade nas companhias que dominam o mercado econômico mundial. A produção da maioria das multinacionais ainda está voltada para indivíduos de alta renda. É preciso atender também pessoas pobres em países pobres, um mercado em potencial que está marginalizado.

Como os empreendedores brasileiros podem competir com Índia, China e Rússia?
O grande desafio é exportar bens de maior valor agregado. É importante também que os integrantes do BRIC (grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China) se enxerguem como parceiros, e não adversários. O mercado não é restrito. Existe espaço para todos, desde que haja competência. Quando esses países se unem e fazem acordos, um supre a deficiência do outro.

Quais os setores em que os empreendedores brasileiros podem encontrar boas oportunidades?
A meu ver, os empresários brasileiros devem investir nos setores de saúde e educação, áreas deficitárias e nas quais o governo não mostra eficiência. Além disso, educação é fundamental para o crescimento do país. É desanimador constatar que muitas vagas em cargos estratégicos não são preenchidas porque falta mão de obra qualificada.



VIJAY GOVINDARAJAN QUEM É: Um dos maiores especialistas mundiais em estratégia e inovação
O QUE FAZ: Doutor por Harvard, Consultor Chefe de Inovação na GE e professor de Negócios Internacionais na Tuck School, onde também dirige o Global Leadership 2020, programa de educação lecionado em três países e focado em gerenciamento global
www.vijaygovindarajan.com


fonte: PEGN

Como age um supervendedor - de energia Nuclear


“Tudo o que você precisa fazer é dar espaço para que as pessoas possam falar sobre o que interessa a elas”


John Deal, cofundador e CEO da Hyperion Power Generation, oferece um dos produtos mais difíceis de comercializar no planeta – usinas de energia nuclear. E, no entanto, está vendendo muitas delas: já conseguiu fechar mais de 120 negócios. Sua tecnologia enfrenta barreiras regulatórias desanimadoras, não existe sequer em protótipo, é menos eficiente que outros projetos nucleares e vem de uma pequena empresa novata em Santa Fe, nos Estados Unidos, que compete com alguns dos nomes mais sólidos do mundo, incluindo Toshiba e Westinghouse.

O ponto forte do gerador da Hyperion é seu design pequeno, simples e seguro, que promete ser fácil de fabricar, enviar, instalar e operar. Parece-se mais com um grande motor a diesel do que um gerador nuclear convencional. Por cerca de US$ 70 milhões, uma usina Hyperion não é exatamente barata. Mas seu preço é uma pequena fração daquele de uma usina convencional.



SEMPRE EM VOO | John Deal, no Aeroporto Internacional de Denver, prepara-se para mais uma negociação. Ele começa a ler as notícias às 5h da manhã
Ver Deal lidar com seus clientes prospectivos é compreender que é preciso um grande vendedor para criar o desejo de comprar e superar uma tempestade de potenciais obstáculos. Mehar Karan Singh, investidor imobiliário e financista da área de saúde, que pretende levar eletricidade à Índia rural, sempre fica impressionado quando conversa com Deal: “Ele cria uma visão e então envolve as pessoas”.

Isso, na essência, é o que todos os vendedores deveriam fazer. Escutar mais que falar, compreender as necessidades do cliente, estar bem informado e outras máximas conhecidas formam a base do que Deal chama brincando de seu “reino do urso das vendas”. A diferença é que Deal executa essas regras básicas com uma visão e um dom extraordinários, contando com uma complexa mistura de talento, disciplina e improvisação.

Acompanho Deal em uma reunião em um hotel elegante de Londres, na Trafalgar Square. Deal, 46 anos, veste um colete de veludo sobre camisa e calça cinza. O fato de ele evitar o traje de negócios tradicional tem o objetivo de indicar sutilmente que é diferente dos assalariados abotoados que seus grandes concorrentes provavelmente terão enviado. “Eu não sou um gerente médio da GE, e quero que as pessoas saibam disso”, diz Deal.

Ele vai se reunir com Nic Barnes, executivo de TI do Mace Group, uma empreiteira de Londres com faturamento anual de mais de US$ 1 bilhão. Uma das especialidades da Barnes é construir centros de dados em grande escala, e ele está interessado em suprir as enormes exigências energéticas dessas instalações.

Barnes chega. É um sujeito simpático, com os modos simples que se poderiam esperar de um gerente de obras. Está usando terno. Deal leva a conversa imediatamente para as Olimpíadas de Londres de 2012, mas não é exatamente conversa mole: o tema é o que será construído para o evento, e essa linha de conversa rapidamente, e não por acaso, leva Barnes a descrever alguns dos projetos da Mace.


“Meu papel no início da reunião é dizer apenas o suficiente para fazê-los falar,
e quando eles começam eu me calo”


Mal se passam cinco minutos e Barnes está monologando sobre uma nova fábrica que a Mace construiu recentemente para a Rolls-Royce. Deal escuta durante muito tempo antes de finalmente fazer um comentário. “Parece que você quer mais do que construir prédios”, ele diz. Barnes responde com entusiasmo, explicando que a Mace está considerando maneiras de gerar sua própria energia, em vez de depender da companhia elétrica. “Você está pensando em fornecer mais segurança?”, Deal pergunta. Isso provoca ainda mais receptividade em Barnes, já que segurança no mundo dos centros de informações geralmente significa geradores a diesel em série e milhares de baterias de carro. Essa capacidade de backup custa milhões de dólares, apesar de às vezes serem usadas por apenas 15 minutos por ano — quando há uma falha de energia —, ou nunca.

“Deixe-me contar o que nós fazemos”, diz Deal. Apesar de a reunião ter começado há 45 minutos, é a primeira vez que ele se refere a sua empresa. Citando o nome de várias empresas britânicas e órgãos do governo com os quais a Hyperion tem relacionamentos, ele menciona alguns executivos, membros do conselho e assessores, incluindo a presidente da Autoridade de Energia Atômica do Reino Unido. Então, apresenta um rápido esboço de como os custos da eletricidade produzida por sua pequena usina, que não tem emissões poluentes, se acumulam favoravelmente contra os da energia eólica e solar — e não se sai mal em comparação com as grandes usinas nucleares e a carvão.


“A maioria dos vendedores gosta de retardar a questão do preço. Mas as pessoas são muito sensíveis ao valor, por isso eu coloco o preço logo no início”


Deal faz um resumo rápido do funcionamento de sua usina nuclear: um reator do tamanho de uma sala é enterrado no subsolo, onde o combustível de urânio aquece o metal, que por sua vez aquece a água enviada para uma turbina convencional de geração de eletricidade a vapor na superfície. “Os detalhes são aborrecedores”, diz Deal. “Vou mandar a vocês um dossiê com todo o material técnico.” Esta será a desculpa de Deal para um próximo contato.

“A principal pergunta que você vai ouvir dos clientes”, ele continua, “será sobre segurança”. E acontece que esse é exatamente o ponto forte da Hyperion. Deal passa a descrever como as mininucleares oferecidas por outros concorrentes parecem “grandes chaleiras”, nas quais a água fervendo ao redor do miolo nuclear fornece resfriamento e calor com um “verdadeiro potencial de falhas”. No reator cheio de metal da Hyperion não passa a água da turbina. “Nosso reator é mais parecido com uma bateria”, ele diz. Os bandidos não podem chegar ao núcleo selado, e mesmo que conseguissem não poderiam fazer nada com o material fundido, de grau insuficiente para a produção de armas. “Não somos tão eficientes quanto as outras”, ele admite. “Mas quem se importa? Lidamos com maior segurança e temos um bom preço.”


“Mais cedo ou mais tarde o cliente vai perceber qual é seu ponto fraco, e o nosso é a eficiência. Não vou esperar que ele pergunte. Eu menciono a questão preventivamente e tiro o problema do caminho”


Deal continua martelando na segurança. O reator é selado na fábrica e enviado para o local do cliente para ser enterrado. Ele funciona durante sete ou dez anos sem exigir manutenção. Outros reatores precisam de intervenção humana, e é aí que os acidentes ocorrem, observa. Depois que a unidade da Hyperion se gasta, os clientes podem trocar por um novo “cartucho” do reator, simplesmente deixá-lo enterrado ou mandar a Hyperion escavá-lo e levá-lo para reciclagem.

“Há muito calor disponível”, Deal diz a Barnes. “Isso é energia grátis, e a Mace poderia usá-la para montar uma empresa de tratamento de água.” Outra sugestão lucrativa: a maioria das usinas gera calor, e a oportunidade óbvia é fornecer calor para edifícios. Acontece que a água é uma das obsessões de Deal.



CRENÇA E PERSUASÃO | John Deal tem 46 anos e é neto de um ex-vendedor de peças da Ford que virou um pregador, fazendo sermões todos os domingos em cinco igrejas. O próprio Deal chegou a ser ordenado
Ele vê a energia nuclear como um meio para atingir um fim: abordar a falta de água potável que deixa grandes extensões do planeta mergulhadas na doença, na pobreza e até na guerra.


“Quando você está convencido de que é importante, as outras pessoas também veem sob essa luz”


É uma obsessão que o levou em 2002 a fundar uma empresa de energia eólica no Novo México. Mas os ventos imprevisíveis, as dificuldades regulatórias e as objeções de muitos moradores às turbinas de vento sobre os morros desanimaram Deal e deixaram a empresa no limbo.

Foi quando ele conheceu Otis (“Pete”) Peterson, um cientista do Laboratório Nacional Los Alamos, no Novo México, que tinha o projeto de uma pequena usina nuclear. Deal não era um fã da energia nuclear, mas se perguntava se um gerador de pequena escala poderia ser a chave não apenas da energia verde, mas também da água potável. Esse equipamento poderia ser facilmente enviado e montado junto de qualquer pequena cidade, onde ficaria em segurança no subsolo, produzindo eletricidade barata — juntamente com calor para purificação da água.

O SUMO DO BOM VENDEDOR A paixão sozinha não faz um produto andar. Muito mais importante é a capacidade de pensar criticamente, diz Eric Shaver, um ex-vendedor superstar de software. “Os grandes vendedores podem olhar para um cenário e analisar o que eles estão vendendo que poderia ter um impacto sobre o cliente. Eles descobrem como criar oportunidades que outros não conseguem ver”

Barnes parece adorar a ideia de todo esse calor grátis, embora não esteja pensando na água potável. O calor, afinal, também pode ser usado para acionar unidades de resfriamento, o que significa que a usina da Mace poderia reduzir os enormes custos de resfriar os computadores de um centro de informática. “Eu não tinha pensado nisso”, diz Barnes. “Algum projeto em particular que você tenha em mente?”, pergunta Deal, sentindo o bom momento para encaminhar uma possível venda.

Barnes explica que uma grande e conhecida empresa americana está interessada em construir grandes centros de dados ao redor do mundo, e a Mace provavelmente erguerá um no Reino Unido. Deal pergunta quais seriam as necessidades elétricas e então calcula que a Mace precisaria de dois reatores. “Vocês provavelmente estariam na faixa de US$ 90 milhões ao todo”, ele diz. Deal fala de improviso que substituir a companhia energética e o backup convencional por sua usina nuclear reduziria os custos de energia da Mace em dois terços. Ele acrescenta que a usina é pequena o suficiente para ser isenta de algumas regulamentações do governo britânico, um detalhe que faz Barnes arregalar os olhos.

Deal balança a cabeça pensativamente. “Bem, estamos procurando projetos de destaque para nos lançarmos”, diz. “Um centro de dados pode ser perfeito para nós.” Deal levanta-se para encerrar a reunião. Enquanto acompanha Barnes até a porta, acrescenta: “Vamos decidir quem escolheremos nas próximas semanas. Preciso saber logo se você está no barco”.

Barnes parece contente em saber que pode ter convencido Deal a deixar que a Mace seja um dos primeiros clientes da Hyperion. “Vou marcar reuniões esta tarde”, ele afirma a Deal antes de partir.


“Eu nunca peço dinheiro. Peço um compromisso emocional. Deixo outra pessoa acertar os detalhes do contrato. Então eu volto para fazer todo mundo se sentir bem novamente”

Mais tarde, diante do hotel, eu vejo Deal encostado em um prédio, dando fortes baforadas em um cigarro. Não será a primeira vez que ele está nervoso. “Nos últimos três anos eu passei quase a metade do tempo na estrada, e a metade dele em viagens internacionais”, diz. “Acho difícil relaxar.” Eu penso que fazer uma venda parecer fácil dá muito trabalho para Deal.

A próxima reunião é com John Hutton, do parlamento inglês. Deal espera que Hutton possa se tornar um assessor de alto nível. Lançar uma usina Hyperion no Reino Unido vai exigir a aprovação da Inspetoria de Instalações Nucleares. Como a reunião será rápida, ele vai direto ao assunto: se o Reino Unido adotar a Hyperion, terá acesso a tecnologia de ponta por uma bagatela. Hutton não se impressiona. Deal diz que o lançamento na Grã-Bretanha seria apenas uma ponta de lança, que o verdadeiro mercado está em países menos desenvolvidos. O ângulo do Terceiro Mundo acende o interesse de Hutton. Por quanto tempo Deal vai ficar na cidade?, pergunta.

Mais tarde, Deal encontra-se com executivos de uma companhia britânica de defesa e propõe que a empresa se associe à Hyperion — e invista US$ 4 milhões. Um dos executivos pergunta por que sua empresa precisa da Hyperion, se já tem bons produtos de energia. “Nós deveríamos colaborar, não competir”, sugere Deal. Os executivos riem. Eles dizem que a Hyperion pode ser ágil, mas o processo regulatório não é. “Já nos disseram que vamos começar a avaliação em fevereiro de 2011”, responde Deal. Isso provoca trocas de olhares. Então, os executivos disparam uma série de perguntas técnicas. Deal faz um sinal para Mark Campagna, chefe de operações da Hyperion, que começa a soterrar os executivos em detalhes. Deal relaxa e desfruta do espetáculo.


“Se eles não quiserem fazer negócios com você, encontrarão um motivo para que a tecnologia não seja suficiente. Você tem de fazer com que eles queiram que a tecnologia dê certo”


Sentindo que os executivos estão ficando menos arrogantes, Deal começa a falar. “Muitos políticos acham que podemos liderar o renascimento nuclear nos Estados Unidos. Estamos lotados de encomendas, de vários países diferentes. Esta coisa foi projetada para ser aprovada. Temos por trás de nós US$ 200 milhões em pesquisa no Laboratório Nacional dos EUA. Os japoneses já gastaram US$ 1 bilhão em seu projeto. Quanto vocês pretendem gastar no seu?”

Ninguém fala durante vários segundos. Então um dos executivos limpa a garganta. “Acho que entendemos o que quer dizer. Quais são as oportunidades para nós?”


“O segredo é: você tem de fazer as pessoas acreditarem naquilo em que você acredita”


fonte : PEGN

sábado, 25 de dezembro de 2010

Quark COL, super-reprodutor nelore, morreu nesta terça-feira


Ele produziu mais de 200 mil filhos. Concedeu R$ 4 milhões aos seus proprietários. Morreu nesta terça-feira de manhã, na Alta Genetics, central de inseminação de Uberaba, no Triângulo Mineiro, o touro Quark COL, originário do plantel da mineira Colonial Agropecuária.

“Quark é líder e top em todos os sumários nacionais de touros. Contribuiu efetivamente para o melhoramento genético do rebanho nacional”, informa a Alta Genetics. Para Marcos Labury, gerente da empresa, “Quark une todas as características importantes de um grande reprodutor, como habilidade materna, crescimento, rendimento de carcaça, fertilidade e precocidade sexual.”

O reprodutor estava em coleta na Central de Produção e Tecnologia de Sêmen da Alta. Foi transferido na tarde de 20 de dezembro para o Hospital Veterinário das Faculdades Associadas de Uberaba. Lá, ele morreu. Tinha 15 anos.

fonte: globo rural.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Suco de beterraba pode ser o elixir da juventude para idosos


O segredo para uma vida mais ativa com o passar dos anos pode estar em um simples suco de beterraba. É o que afirmam pesquisadores da Universidade de Exeter e da Faculdade de Medicina e Odontologia Peninsula, ambas na Inglaterra.

A equipe que liderou a pesquisa observou que, quando os voluntários tomavam suco de beterraba, necessitavam de menos energia para realizar exercícios de baixa intensidade, segundo informações do jornal Daily Mail. A quantidade de esforço requerida para uma caminhada foi reduzida em 12%. A bebida dilata os vasos sanguíneos e reduz a quantidade de oxigênio necessário durante uma atividade física.

À medida que envelhece, ou que desenvolve condições que afetam o sistema cardiovascular, a quantidade de oxigênio que uma pessoa absorve é drasticamente reduzida, dificultando a realização dos exercícios. A pesquisadora Katie Lansley relatou ao Journal of Applied Physiology, que o estudo mostra que o suco de beterraba pode reduzir a quantidade de oxigênio que uma pessoa precisa para realizar determinadas atividades.

Para o professor Andy Jones, também do grupo, “cada vez que o suco, rico em nitrato, foi utilizado, observou-se uma melhora acentuada no desempenho”. O efeito, sentido uma hora depois do consumo do suco e mais forte depois de três a quatro horas, é atribuído à substância-chave nitrato, presente na bebida.

fonte: globo rural

Justiça do Paraná decreta o fim da era do papel


Na Justiça Federal, o processo digital já é realidade. E no próximo ano, no Paraná, Justiça Estadual e do Trabalho também aderem ao modelo eletrônico.



A Justiça do Paraná vai acelerar a migração para o processo digital nos próximos meses, deixando de usar o suporte de papel no trâmite de ações no estado. Já a partir de janeiro, todas as novas ações que derem entrada na Justiça do Trabalho serão em meio eletrônico. Na Justiça estadual, a previsão é que até o meio de 2011 ocorra o mesmo. Na Justiça Federal, o processo digital já é uma realidade.


Ao mesmo tempo em que os tribunais paranaenses vão aderindo ao meio digital, os advogados do estado estão se adaptando em escala mais ampla que em outras regiões brasileiras. Dados mais recentes do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil indicam que o Paraná é o estado que possui mais advogados com certificação digital em todo país. Esses certificados digitais funcionam como uma espécie de “assinatura digital” dos advogados.

Saiba mais
EntrevistaArtigo
Nem tão simples assim

Diego Mialski Fontana, advogado

A Receita vem comunicando as empresas que a não quitação à vista dos débitos implicará na exclusão do Simples Nacional

A Constituição Federal prevê tratamento jurídico diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte, visando incentivá-las pela simplificação das obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução de tais obrigações por meio de lei. Nesse contexto, atualmente, cerca de 4 milhões de empresas se beneficiam do Simples Nacional, regime simplificado, instituído pela Lei nº 123/2006, que auxiliou empresas a saírem da informalidade e, por conseguinte, alavancou empregos formais e a economia brasileira.

Em que pese o fator positivo da simplificação instituída constitucionalmente, a Receita Federal vem, através de Atos Declaratórios Executivos, comunicando as empresas inadimplentes que a não quitação à vista dos débitos implicará na exclusão do Simples Nacional. Tal procedimento fazendário evidenciou um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas inadimplentes do Simples Nacional: a negativa taxativa de parcelamento dos débitos e, por conseguinte, a exigência de quitação à vista dos valores em aberto.

Por um lado se constata a supremacia da Lei Maior, que imprimiu no bojo da sociedade empregos e desenvolvimento à economia, por outro se verifica a arbitrariedade do órgão fazendário que se nega a conceder o parcelamento das dívidas sob a alegação de que “não há previsão legal para o parcelamento de débitos de Simples Nacional, devendo estes serem pagos à vista.”

Ora, a legislação infraconstitucional deve se conformar à Carta Política Brasileira. Con­sequentemente, suposta alegação de ausência de previsão legal para parcelamento apenas dos débitos apurados pelo Simples Nacional fere princípios constitucionais, em especial o Prin­cípio da Isonomia e da Legalidade Tributária.

O Código Tributário Nacional, no artigo 155-A, impõe a necessidade de lei específica para concessão de forma e condição ao parcelamento tributário. No presente caso, empresas optantes pelo Simples Nacional carecem de apontamento legislativo específico à espécie. Inobstante, a Lei n.º 10.522/2002, que dispõe sobre o parcelamento ordinário da União, não exclui a concessão do parcelamento às microempresas e empresas de pequeno porte. Com efeito, a referidas empresas, que dispõem de tratamento mais favorável, à luz do texto constitucional, restariam marginalizadas em caso de manutenção do apurado entendimento fazendário.

O Poder Judiciário, rechaçando o entendimento fazendário, vem, constantemente, reconhecendo o direito das microempresas e empresas de pequeno porte em aderir ao parcelamento ordinário da União, em parcelas de até 60 meses. As decisões judiciais, além de afastarem a violação aos princípios constitucionais mencionados, evitam resultados maléficos tanto para as empresas – com o eventual fechamento –, quanto para a sociedade e economia brasileira em geral – que poderá enfrentar o consequente aumento da taxa de desemprego.

Dos 30 mil certificados digitais emitidos para uso de advogados em processos eletrônicos, 12.305 são de advogados paranaenses. Esse número corresponde a 41% do total dos certificados que foram emitidos no país. “A OAB Paraná está mais avançada. Parece que em outros estados ainda não se acredita no processo eletrônico como uma realidade”, afirma o presidente da Seção Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil, José Lúcio Glomb. Há três anos a OAB vem realizando um trabalho de orientação a respeito da importância da certificação digital, desde que ocorreu a implantação do “Projudi” – o processo eletrônico estadual – pelo Tribunal de Justiça.


Entretanto, a mudança não está ocorrendo sem dificuldades. Na avaliação de Márcio Dumas, advogado que assume no início do ano a presidência da Comissão de Direito Eletrônico e Informatização do Poder da OAB-PR, será necessário vencer uma resistência cultural, porque o processo digital traz uma mudança na maneira de trabalhar. “Até pouco tempo, todo o processo cognitivo era em papel. A mudança é drástica”, explica.


Segundo Glomb, porém, esse é um desafio que todos os que lidam com a Justiça terão de superar. “Enfrentar o desafio do processo eletrônico, a Justiça vai ter que enfrentar. Os advogados e as partes vão ter que se acostumar”, afirma Glomb. “Sabemos que é inexorável que isso aconteça. Mas nós pedimos à Justiça tolerância, que fosse mais gradativo o processo de implantação, para que não houvesse problemas.”


Capacitação


Em decorrência das mudanças que vão ocorrer no próximo ano, a OAB-PR e a Escola Superior de Advocacia estão reformulando seus cursos de capacitação em processo eletrônico. Segundo Márcio Dumas, além do curso de capacitação em processo eletrônico, serão oferecidos cursos de informática, laboratório em processo eletrônico, gestão de escritório com ênfase em processo eletrônico, entre outras iniciativas.


A Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT9) também vai oferecer cursos de treinamento para que os advogados saibam como atuar por meio de processo eletrônico. Em Curitiba, todos os novos processos trabalhistas devem tramitar por meio digital a partir de 7 de janeiro. A previsão é que todas as unidades da Justiça do Trabalho paranaense estejam operando com processo eletrônico até metade de 2011.

Fonte : gazeta do povo

Corte da OEA anula Lei de Anistia Brasileira


Luiz Flávio Gomes e Valerio De Oliveira Mazzuoli
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, no caso "Julia Gomes Lund e outros" (caso "Guerrilha do Araguaia"), em absoluto respeito aos direitos das vítimas e seus familiares, decidiu (sentença publicada em 14/12/10) que os crimes contra a humanidade (mortes, torturas, desaparecimentos), cometidos pelos agentes do Estado, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), devem ser devidamente investigados, processados e punidos.

A Corte seguiu sua jurisprudência já fixada em relação à Argentina, Chile etc. (casos Barrios Altos, Almonacid Arellano e Goiburú, dentre outros).

A sentença foi provocada por três ONGs brasileiras (Centro Pela Justiça e o Direito Internacional, Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro e Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo).

A primeira consequência prática dessa importante decisão é a seguinte: a lei brasileira de anistia (Lei 6.683/1979) não possui nenhum valor jurídico para impedir doravante a apuração dos referidos crimes cometidos pelos agentes do Estado (ditadores ou por quem agiu em nome da ditadura).

Fim da "legalidade autoritária"

A "legalidade autoritária" tradicional no Brasil (consoante lição de Anthony Pereira), que é fruto de um ancestral conchavo (explícito ou implícito) entre o Poder Político (Legislativo e Executivo) e alguns setores do Poder Judiciário, acaba de se desmoronar (em relação aos crimes da ditadura).

O Poder Político brasileiro, para acobertar tais crimes, aprovou em 1979 uma lei que foi considerada (pela Corte) como uma verdadeira auto-anistia. O legislador também se equivoca. Sua palavra é somente a primeira, sobre a construção do direito.

Nem tudo que ele aprova vale. Lei vigente não se confunde com lei válida. A vontade última do direito não é do legislador, sim, dos juízes. O século XXI é o século dos juízes (assim como o XIX foi do legislador e o XX foi do Executivo).

STF já não dá mais a última palavra em matéria de direitos humanos

O STF, mantendo a tradição do Judiciário brasileiro no sentido de ser tendencialmente autoritário, em abril de 2010, validou a citada lei de anistia (7 votos contra 2), impedindo dessa maneira o reconhecimento dos direitos dos familiares dos mortos, torturados e desaparecidos, ou seja, a apuração e o processamento desses crimes contra a humanidade.

Ocorre que na era do direito globalizado e universalizado (direito pós-moderno) as decisões do STF, em matéria de direitos humanos, já não significam a última palavra.

Acima do Judiciário brasileiro está o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, que é composto de dois órgãos: Comissão e Corte Interamericanas de Direitos Humanos. A primeira está sediada em Washington, enquanto a segunda está na Costa Rica.

Quando nossos direitos, previstos na Convenção Americana de Direitos Humanos, não são amparados pela Justiça brasileira, temos possibilidade de recorrer à Comissão Interamericana, que passa a ser uma espécie de "5ª instância".

Todas as violações de direitos humanos não amparadas pelo Judiciário brasileiro podem (e devem) ser levadas ao conhecimento da citada Comissão, que resolve o assunto (tal como fez no caso Maria da Penha) ou o encaminha para a Corte (assim foi feito no Caso Araguaia).

Sob o aspecto jurídico a decisão da Corte Interamericana demonstra que as decisões do STF já não são definitivas, quando em jogo está um direito previsto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (também conhecida como "Pacto de San José da Costa Rica", ratificado pelo Brasil em 1992 sem qualquer reserva).

Aplausos aos votos vencidos de Lewandowski e Ayres Britto

Quando o STF validou a lei de anistia brasileira, dois foram os (lúcidos) votos vencidos: Ricardo Lewandowski e Ayres Britto. Foram os dois únicos a compreender (na ocasião) a atual dimensão da proteção dos direitos humanos, que não é mais só doméstica.

Em matéria de direitos humanos a última palavra é da Comissão ou da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Os dois Ministros citados foram os únicos que admitiram que a clássica jurisprudência da Corte não iria secundar a lei de anistia brasileira.

Do "domestic affair" ao "international concern"

Do sistema do "domestic affair" (a tutela dos nossos direitos compete exclusivamente aos juízes nacionais) passamos para o sistema do "international concern" (se os juízes nacionais não tutelam um determinado direito, isso pode ser feito pelos juízes internacionais).

Os juízes internos fiscalizam o produto legislativo do Congresso Nacional. Se eles não amparam os direitos das pessoas, compete aos juízes internacionais cumprir esse papel.

Finalmente, o "acerto de contas"

O "acerto de contas" relacionado com os crimes cometidos durante o período da ditadura militar finalmente tornou-se possível. O STF, majoritária e autoritariamente, tinha fechado as portas para a Justiça de Transição (Justiça do "acerto de contas"). Mas suas decisões já não são absolutas (quando há flagrante violação dos direitos humanos das vítimas).

Respeito aos direitos humanos das vítimas

Falar de violação de direitos humanos das vítimas (ou de seus familiares) num país tradicionalmente autoritário e antidemocrático parece assunto fora de moda. Mas não nos resta outra alternativa, se queremos denunciar uma vez mais essa tradicional simbiose entre o autoritarismo (militar ou não militar) e amplos setores do Poder Judiciário.

O Tribunal de Segurança Nacional, criado em 1937, durante o Estado Novo, que aceitava a presunção de culpabilidade do agente, salvo prova em sentido contrário, constitui expressão exuberante dessa conivência institucional.

O nazismo e o fascismo, na Alemanha e na Itália, tanto quanto os regimes autoritários no Brasil, nunca prescindiram da conivência do Poder Judiciário. Nisso reside a chamada "judicialização do autoritarismo" (ou da repressão), que achou seu ponto culminante não na edição da lei de anistia (lei de autoanistia, na verdade), senão na decisão do STF.

Conteúdo da decisão da CIDH

A Corte Interamericana condenou o Brasil pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de 62 pessoas, incluindo-se dentre elas membros do PCdoB e camponeses da região.

As operações arbitrárias do Exército brasileiro foram empreendidas entre 1972 e 1975, com o objetivo de erradicar a chamada "Guerrilha do Araguaia". Ressalte-se que dos 62 desaparecidos no Araguaia (há quem fale num número maior), só foram encontrados quatro corpos, todos graças à ação de parentes.

Entendeu a Corte que o Brasil não empreendeu as ações necessárias para investigar, julgar e condenar os responsáveis pelo desaparecimento forçado das 62 vítimas e pela execução extrajudicial da Sra. Maria Lucia Petit da Silva, cujos restos mortais foram encontrados em 14 de maio de 1996.

Entendeu ainda a Corte que os recursos judiciais dos familiares das vítimas, com o objetivo a obter informação sobre os fatos, não foram efetivos para garantir-lhes o acesso à informação sobre a Guerrilha do Araguaia, além do que as medidas legislativas e administrativas adotadas pelo governo brasileiro (v.g., a promulgação da lei de anistia) restringiram indevidamente o direito de acesso à informação desses familiares.

As disposições da lei de anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos "são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros casos de graves violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil".

Obrigações do Brasil

Doravante o Brasil terá que eliminar todos os obstáculos jurídicos (como a lei de anistia) que durante anos impediram as vítimas do acesso à informação, à verdade e à Justiça.

Não se pode subtrair de nenhum povo o direito à memória e à justiça. Essa é a principal lição da decisão da Corte Interamericana que deve ser vista como legado humanista para as futuras gerações.

Deve o Estado brasileiro "conduzir eficazmente, perante a jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fim de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja", além de "realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional a respeito dos fatos do presente caso".

Outra determinação (contra o Brasil) é a necessidade de implementar em prazo razoável "um programa ou curso permanente e obrigatório sobre direitos humanos, dirigido a todos os níveis hierárquicos das Forças Armadas".

Obrigação de cumprir as decisões da CIDH

O Brasil sequer pode cogitar da possibilidade de não cumprir as decisões da CIDH. Poderia sofrer sanções internacionais e ser excluído da OEA. O não cumprimento pelo Estado brasileiro da sentença da Corte Interamericana acarreta nova responsabilidade internacional ao país, a ensejar nova ação internacional na mesma Corte e nova condenação, e assim por diante.

A posição do Ministro Nelson Jobim no sentido de que o Brasil poderia deixar de cumprir as decisões da CIDH é totalmente equivocada. O STF nada mais pode fazer. As decisões da Corte devem ser cumpridas pelo Brasil necessariamente.

Luiz Flávio Gomes é doutor em Direito Penal pela Universidade Complutense de Madri, mestre em Direito Penal pela USP e diretor-presidente da Rede de Ensino LFG. Foi promotor de justiça (1980 a 1983), juiz de Direito (1983 a 1998) e advogado (1999 a 2001). Twitter: www.twitter.com/ProfessorLFG. Blog: www.blogdolfg.com.br.

Valerio de Oliveira Mazzuoli é pós-doutor em Direito pela Universidade de Lisboa. Doutor summa cum laude em Direito Internacional pela UFRGS. Mestre em Direito pela UNESP. Professor Adjunto de Direito Internacional Público e Direitos Humanos da UFMT. Professor da Rede LFG, em São Paulo. Advogado e consultor jurídico.

Fonte : parana online.

Sem exageros! Veja 10 passos para treinar sua saciedade




Respeitar o tempo entre uma refeição e outra é o segredo para sentirmos ‘uma fome normal’A fome é normal e bem vinda. Nada como comer com fome. Tudo parece mais gostoso e atrativo. "É exatamente porque sentimos fome que protegemos nossos estoques de energia e mantemos nossos níveis de açúcar dentro de uma faixa normal, para atender às nossas demandas. Três ou quatro horas depois de uma refeição, à medida em que nossos níveis de açúcar no sangue começam a cair, ocorre um estímulo progressivo aos centros neurológicos da fome no cérebro e buscamos comida. Respeitar esse tempo entre uma refeição e outra é nosso principal aliado para sentirmos ‘uma fome normal’", defende a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Há uma crença equivocada de que a sensação de fome está alterada nas pessoas que comem muito e/ou que são obesas. "Muitas delas chegam ao consultório desejosas de tomarem algum medicamento que ‘corte’ a fome. A crença é de que essas pessoas têm mais fome do que as demais pessoas que comem menos. Grande equívoco. As pessoas que comem mais e/ou são obesas têm na realidade uma grande falha nos sinais de saciedade", informa a médica. Ou seja, comem, não se sentem saciadas e continuam comendo. Mesmo assim, muitas vezes, até interrompem a refeição, mas mediante um grande esforço, pois comeriam muito mais se pudessem.

"É natural e corriqueira a ligação de fome à ansiedade. Nesses casos, comemos automaticamente ou regidos por impulso. Isso não é fome. Nessas ocasiões, geralmente, comemos alimentos que gostamos muito, que causam prazer. Muitos pacientes dizem acalmar-se ao ingeri-los", alerta Ellen Paiva, que também é médica nutróloga. O consumo de alimentos pouco palatáveis nessas ocasiões ou o impulso de comer alimentos que nem apreciamos já se configura num quadro mais grave de ansiedade e a possibilidade da ocorrência de compulsão alimentar. Isso tanto é verdade que, nesses casos, é equivocada a utilização de medicamentos para abolir a fome, pois as pessoas continuam a comer compulsivamente guloseimas e a beliscar, passando a abolir o que é mais importante, as refeições básicas.

"Além da ansiedade, a fome está associada às alterações do humor. Encontramos quadros de depressão, onde os pacientes aumentam muito o consumo de alimentos, mas os casos mais graves estão relacionados à total inapetência e perda de peso. Essas formas de doenças psiquiátricas que influenciam os sinais de fome e saciedade revelam claramente o perfil anormal do apetite e sua nítida diferença das formas normais de fome", informa Ellen Paiva.

Para treinar a saciedade

"Uma vez que ganho de peso e obesidade estão relacionados muito mais com sinais de saciedade comprometidos do que com fome excessiva, precisamos treinar alternativas para melhorar nossa saciedade", recomenda a médica. Veja a seguir o que ela sugere:

(1) Coma devagar – os sinais de saciedade são exercidos por substâncias químicas liberadas pelas células do trato digestivo que, como hormônios, são liberados na corrente sangüínea e alcançam os centros cerebrais que regulam fome e saciedade. "Quando comemos muito rápido, simplesmente não damos tempo para que isso ocorra ou quando essas substâncias alcançam o cérebro, já estamos com o estômago muito cheio", explica a endocrinologista;

(2) Faça refeições em intervalos regulares – ao pular uma das refeições, passamos mais de seis horas sem nos alimentar e isso simplesmente inviabiliza uma próxima refeição normal. "O jejum prolongado faz com que todos os sinais de fome sejam acionados e não sejamos seletivos na escolha da próxima refeição. Além disso, ao comermos a cada três horas, conseguiremos ter saciedade mais precoce e reduzimos tranquilamente o volume das refeições diárias", afirma a diretora do Citen;

(3) Faça sempre refeições balanceadas – nada de abolir os carboidratos do jantar, nada de comer somente salada e grelhado no almoço, mas também nada de comer apenas carboidratos. "A explicação é simples: a composição balanceada de uma dieta melhora o tempo de digestão e absorção dos alimentos, tornando mais prolongada a saciedade, uma vez que reduz a velocidade do esvaziamento gástrico", esclarece a médica;

(4) Adicione alimentos integrais e ricos em fibras à sua dieta – vale a pena mudar para o pão integral e para o arroz integral, comer saladas e frutas que são ricas em fibras, adicionar grão de bico ou feijão às saladas e utilizar cereais integrais em lanches. "Os alimentos ricos em fibras reduzem o esvaziamento gástrico, aumentando assim o tempo de saciedade após a refeição", recomenda Ellen Paiva;

(5) Evite ingerir refeições volumosas – estas refeições condicionam nossa saciedade a uma ingestão sempre de grande volume de alimentos, fazendo com que só nos sintamos satisfeitos, quando nosso estômago estiver muito cheio. "Isso acaba por criar um hábito de comer muito e só sentir saciedade quando ultrapassamos os limites", diz a nutróloga;

(6) Não abra mão das saladas – geralmente, quando partimos diretamente para o prato principal, ingerimos um maior volume de alimentos. A saciedade depende também do volume do alimento. "As saladas, além de ricas em fibras, aumentam o volume do bolo alimentar e reduzem parte da fome com a qual iniciamos o prato principal. Isso pode ser facilmente exemplificado com as massas. Quando ingerimos um belo prato de saladas, antes do espaguete no domingo, precisamos de muito menos massa para sentirmos satisfeitos", afirma Ellen Paiva;

(7) Saciedade é treino e equilíbrio – isso é perceptível nos casos de ansiedade, quando passamos a ter maior necessidade de grandes volumes de alimento. "A ansiedade não nos permite saborear o alimento, nem sentir saciedade. Logo, é preciso exercitar equilíbrio e calma para fazer nossas escolhas alimentares e para nos sentirmos saciados com elas", recomenda a médica;

(8) Evite o comportamento beliscador – comer pequenas porções de alimento, várias vezes ao dia, compromete a saciedade, pois quem tem esse comportamento nunca tem fome suficiente para comer uma refeição, mas também nunca está totalmente sem fome para recusar guloseimas. "Esse modelo alimentar gera uma falta de saciedade crônica e a ingestão de grandes volumes de pequenas porções de alimentos, que, quando somadas resultam em muito mais calorias do que se ingere nas refeições convencionais", explica Ellen Paiva;

(9) Não troque refeições por doces – esse comportamento resulta em desnutrição por falta dos alimentos básicos e fome crônica, uma vez que os doces são rapidamente absorvidos e elevam a produção de insulina muito rapidamente. Esse hormônio reduz o tempo de saciedade, resultando em sensação de fome precoce;

(10) Não coma sem estar atento ao alimento – evite comer na frente do computador, assistindo TV ou estudando. "Quando não observamos o quê e o quanto comemos, grandes volumes são ingeridos sem a percepção da saciedade. É freqüente presenciarmos na saída de um cinema, após comer um balde de pipocas (1200 calorias), alguém perguntar aos acompanhantes onde eles irão jantar", informa a endocrinologista Ellen Paiva.

Serviço:

Fonte : bondenews.