quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O que o Google quer ao comprar um site de compras coletivas


Se o valor de quase US$ 6 bilhões se confirmar pela aquisição do site de compras Groupon, será o maior desembolso já feito pelo Google em troca de uma nova propriedade. A turma das buscas tem bastante dinheiro em caixa – US$ 30 bilhões. E o negócio ainda não confirmado já fez o mercado se mexer.

Começou com a turma da Amazon, que corre para investir no LivingSocial, principal concorrente do Groupon.
O jogo estratégico do Google parecia estar focado nas mídias sociais. Seus principais adversários, no momento, pareciam ser Facebook e, em menor escala, Twitter. Então o que ocorreu?

Groupon é um site de compras coletivas. Instalou-se em 150 cidades dos EUA, além de outras 100 espalhadas pela Europa, Ásia e América do Sul – no caso, Chile e Brasil. Todos os dias faz uma oferta. Uma compra, um programa, um algo qualquer com desconto excepcional. Como o site leva muita gente às compras, garante o desconto. Em troca, embolsa um troco.

O modelo de negócios simples faz que essa empresa, que tem pouco mais de dois anos de vida, já projete lucros anuais na casa do meio bilhão de dólares. Justamente por ser simples, surgiram inúmeros concorrentes que reproduzem sua fórmula.

O Google só saiu às compras para gastar mais de bilhão duas vezes. Na primeira, em 2005, levou para casa o YouTube por US$ 1,65 bi. Na segunda, abocanhou a DoubleClick por US$ 3,1 bi. E os três negócios têm um forte elemento em comum: criam para o Google inventário publicitário que o site não tinha antes.

Publicidade é o que sustenta o Google. Não se trata de uma empresa de busca. É uma empresa de mídia que vive da veiculação de propaganda.

O YouTube tem uma perna na busca. Uma coleção de usuários descreve vídeos e, assim, colabora para que sejam encontrados. Mas, principalmente, o YouTube permite ao Google dominar o espaço de exibição de vídeos na web. E, portanto, garante o quase monopólio dos anúncios vistos por quem assiste filmetes online.

DoubleClick, por outro lado, é a líder mundial no serviço de hospedagem e manutenção de banners publicitários online. Os mesmos banners que todos os portais abrigam. Empresas como a DoubleClick hospedam e registram o número de cliques. Esta é a empresa que garante ao Google parte do lucro com a exibição de propaganda em quase todos os grandes sites dos EUA.

Onde o Groupon entra? Ele pode parecer um site que distribui descontos mas é bem mais do que isso. É um site de conteúdo que interessa a seus leitores. E seus leitores têm uma característica comum. Todos são da mesma cidade. Se a compra se confirmar, o Google leva para casa aquele que é potencialmente um dos maiores inventários de espaço para publicidade local que existe na internet.

O Google continua, portanto, estritamente em seu negócio, que é o da veiculação de publicidade para públicos os mais variados. Neste negócio, continua com os mesmos concorrentes. Facebook é um caso. Eles têm o poder de direcionar propaganda para um público que deixa muita informação pessoal em seus perfis.

E, assim, a Amazon entra na disputa. Porque, afinal, ela também sabe muito sobre os hábitos de seus clientes. Publicidade e compra direta começam a se aproximar, no tempo da internet.

matéria: estadão/pedro doria

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