terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A rede social mais polêmica do planeta



Se o enredo de A rede social não fosse tão atual e curioso, ainda assim o filme teria o seu lugar entre os melhores do ano. Ele conta a história do surgimento do Facebook e de todos os processos judiciais a que Mark Zuckerberg, o fundador do site de relacionamentos, foi submetido por pessoas que acreditavam fazer parte dos lucros da empresa.

Jesse Eisenberg (de Zumbilândia) faz o protagonista nerd que trabalha melhor sob pressão (ao menos é o que fica claro no filme: quanto mais bravo ou triste, mais cria). As roupas de adolescente – jeans, camiseta e moletom – e o chinelo Adidas (“modelo Rider”) são alguns traços que o ator pega emprestado do personagem da vida real. Melhor que isso, Jesse usa trejeitos, caras e bocas do CEO do Facebook, um pouco de sua arrogância e ambição, que resultam num dos personagens mais instigantes do cinema atual.

O longa não é equilibrado plasticamente, o que poderia soar negativamente aos ouvidos de muitas pessoas. Pelo contrário, a diversidade estética usada pelo diretor David Fincher (Clube da Luta, O Curioso Caso de Benjamin Button) e o fotógrafo Jeff Cronenweth faz bonito: cada espaço e lugar no tempo tem um tipo de câmera e saturação que reforçam aqueles momentos. Duas sequências são ótimas: uma em que eles filmam os pés de Zuckerberg e seu colega brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), cada qual em uma cabine de banheiro acompanhado de uma garota. Divertido. A outra sequência é belíssima, genial, numa regata real em Londres. As cenas são desfocadas, rápidas ou lentas, estouradas e saturadas. Como se o fotógrafo estivesse na pele dos competidores, sofrendo a derrota em uma disputa acirrada. Inesquecível.

O roteiro, muito bem amarrado, mistura fatos do passado – da criação do site só para alunos de Harvard – com depoimentos em juízo de Zuckerberg. São dois os processos em que ele é réu. Um deles, movido pelos irmãos remadores Winklevoss, que alegam que Mark roubou a ideia deles, e o outro, por Eduardo – o Wardo –, que se sente injustiçado pelo ex-amigo ter esvaziado o valor de suas ações na empresa. Justin Timberlake faz o visionário Sean Parker, criador do Napster, que dá duas grandes dicas a Zuckerberg: o nome do site (de “The Facebook” para apenas “Facebook”) e a mudança para Palo Alto, na Califórnia – a Meca da tecnologia de internet.


Wardo e Mark: melhores amigos, até o Facebook bombar mundo afora
O começo do filme é um turbilhão de pensamentos, fórmulas e divagações que nada significam para o espectador. Isso mostra como pensa o protagonista, como age e como (não) se encontra no mundo universitário das festas e irmandades. O diálogo inicial dá o tom do filme, e termina mais ou menos assim: “Você acha que não consegue conquistar mulheres porque é nerd. Na verdade, é porque você é um babaca mesmo”, diz uma recém-ex-namorada. Mark cria um plano genial para se vingar do pé na bunda e caminha para a construção do Facebook.

O filme tem ótimos atores e piadas divertidíssimas. Vale a pena. Mas o Zuckerberg real não gostou muito, não. Será que é porque é baseado no livro Bilionários por acaso, de Ben Mezrich e escrito a partir de depoimentos do ex-amigo Eduardo? De todo o modo, impossível não querer que ele se dê bem.

Matéria: revista època

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