sábado, 9 de julho de 2011

Yes, Icann!


A novidade não vem mais do Brejo da Cruz, onde, como diz a canção, crianças comiam luz. Aliás, nos tempos de hoje, crianças, em todos os Brejos da Cruz, quando comem, comem bits, outra forma de luz.

A novidade vem de mais longe, precisamente do Icann, organismo internacional de controle e gestão dos domínios da internet: a partir de 12 de janeiro de 2012, poderemos solicitar registros de novos domínios sem usar as terminações hoje usuais na rede. Isso significa que você poderá ter um site apenas e exatamente com o seu nome, e uma empresa poderá ter no seu registro de domínio seu exato nome. O site da Pequenas Empresas & Grandes Negócios poderá se chamar apenas www.pequenasempresas.grandesnegócios, dispensando o .com.br. Nomes criativos serão também aceitos, como jabuticaba.brasil ou tantofaz.comotantofez, ou ainda, assimé.selheparece.

Do ponto de vista da identificação de um site com uma empresa ou com um produto, a repercussão será enorme, e a criatividade na identificação de sites será turbinada de maneira expressiva. Alguns critérios de aceitação dos nomes de domínios serão obviamente preservados, especialmente aqueles que dizem respeito ao uso de marcas e nomes de notório conhecimento público. Essa novidade será um passo gigantesco para facilitar a navegação e a identidade entre o chamado “mundo real” e a rede. Em breve seremos também dispensados do uso da expressão www e seremos, em todos os mundos, o que somos na vida “real”.

Várias modificações já foram introduzidas nessa questão nos últimos anos. Nos primórdios da internet, só existia o .com . Logo em seguida, novas terminações foram criadas, e a lista foi sendo ampliada. Hoje temos no Brasil 68 diferentes terminações para sites e blogs, com um total aproximado de 2.520.000 registros efetivos.

O que chama a atenção nessa história é que uma certa dose de desconhecimento e conservadorismo dos empreendedores virtuais brasileiros faz com que essa possibilidade de diversificação seja praticamente ignorada por nosso mercado.

Uma consulta ao Registro.br, órgão encarregado de controlar e gerir os domínios no Brasil, mostra que 91% dos registros ainda carregam a denominação .com.br, ignorando assim a enorme possibilidade de preencher outros nichos de mercado. Por que um veículo de mídia não ocupa também outros domínios, com edições customizadas eletronicamente, tais como arq.br (arquitetos), med.br (médicos) ou tur.br ?

Eu, se marqueteiro fosse, registraria o site de meus clientes na terminação ZLG.br, que não sei o que significa, mas que, num mundo de flickrs e xooms, soa perfeito. Se eu pudesse, usaria pegn.zlg.br no site da Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Atenção: há apenas 45 registros com essa terminação no Brasil.

Há grandes possibilidades de negócio para pequenos empreendedores no uso de terminações pouco exploradas, tais como adm.br (administradores) , com apenas 2.275 registros, ou mus.br (músicos), com só 1.151 registros.

Outra curiosa conclusão vem da comparação entre os registros novos e os cancelados. Mensalmente, “nascem” aproximadamente 84.000 registros ou sites, enquanto “morrem” cerca de 47.000 no mesmo período.

Ou seja, a cada 30 dias, 47.000 projetos ou ideias de sites (ou apenas registros por cautela e/ou expectativa de venda futura) são abandonados, e seus registros, extintos.
Curioso mundo este onde esperanças de ontem rapidamente se transformam em registros abandonados, como crianças no limbo, perdidas para sempre. Crianças que, nesse caso, não comeram nem luz nem bits.

Descansem em paz.

* Jack London é fundador da Booknet, primeiro negócio virtual que ganhou fama no Brasil, e da Tix, empresa de comercialização de ingressos on-line. Atualmente é professor, consultor e empreendedor>> Para falar com Jack London e sugerir temas para suas colunas, mande e-mail para jlondon@ism.com.br e coloque Coluna PEGN no campo assunto.


Fonte: PEGN

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