quarta-feira, 20 de julho de 2011

Arroz vermelho, de praga a cultivo



Planta daninha mais combatida nas áreas de arroz branco, o grão tem mercado no Nordeste e deve ganhar ainda este ano uma variedade comercial.
O arroz vermelho, que tem essa coloração em função do acúmulo de tanino, é também rico em ferro e zincoO arroz branco é o tipo mais consumido do grão no país. Entretanto, no Vale do Piancó, na Paraíba, a população só conhece o produto da prateleira do supermercado, mas raramente o prepara em casa. É que na região o arroz vermelho, considerado uma praga nas plantações comerciais do grão branco, reina soberano nas refeições. “O sabor é muito superior”, garante José Almeida Pereira, pesquisador da Embrapa Meio-Norte.

Pereira lidera uma série de estudos que busca dar o valor merecido ao arroz vermelho, que apresenta essa coloração em função do acúmulo de tanino. Muito rico em ferro e zinco, o grão é comumente relegado em favor de seu companheiro de espécie – mas não no Vale do Piancó. “O que poucos sabem é que o arroz vermelho surgiu antes do branco. Na verdade, o branco surgiu de uma mutação do vermelho”, explica o especialista.




Segundo o pesquisador José Almeida Pereira, a Embrapa deve lançar até o final do ano uma variedade comercial de arroz vermelhoO cultivo está concentrado na Paraíba e no Rio Grande do Norte, mas há também lavouras em pontos do Ceará, da Bahia, de Minas Gerais e Pernambuco. Segundo Pereira, a maioria é de pequenos produtores. “Mas são muitas pessoas envolvidas no plantio: somente na Paraíba, são 5 mil famílias”, diz.

A Embrapa tem trabalhado para lançar até o final do ano uma variedade comercial de arroz vermelho – ainda inexistente no mercado – , o que deve dar novo impulso à produção do grão, principalmente no que diz respeito à melhoria da produtividade. Curiosamente, o próprio arroz branco está sendo utilizado para fornecer essa característica ao seu tradicional inimigo. Atualmente, o rendimento do arroz vermelho é baixíssimo na Paraíba, algo em torno de mil quilos por hectare, em condições de sequeiro – em comparação, a produtividade média do arroz branco é de mais de sete mil quilos por hectare. “No Rio Grande do Norte, onde a produção é irrigada, a produtividade do vermelho já salta para 4,5 mil quilos por hectare”, afirma o pesquisador. Estima-se que existam 5 mil hectares cobertos com arroz vermelho na Paraíba e outros 2 mil hectares no Rio Grande do Norte.

Além da ampliação da produtividade, outra alternativa para tentar elevar os ganhos é o reconhecimento de uma indicação geográfica para o Vale do Piancó, onde está a maior concentração do cultivo no país. Esse selo atestaria uma característica diferenciada do arroz vermelho, por conta de sua origem e de seu processo de produção. Hoje, parte da colheita é consumida pelas famílias dos agricultores e o restante é vendido localmente.


fonte: globo rural

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