domingo, 10 de julho de 2011

Empresa fatura vendendo experiências



Aos 22 anos, o economista Jorge Nahas começou a carreira na área corporativa do Banco Votorantim. O salário era bom, as perspectivas eram ótimas, mas... “Meu pai sempre me falou que a pior coisa que pode acontecer na vida é arrumar um bom emprego. A tendência é se acomodar”, diz Nahas, hoje, aos 30 anos, presidente e sócio da agência virtual de marketing de experiências O Melhor da Vida. Depois de um ano, ele largou o emprego para ir à Austrália, em 2003. Seu irmão, Daniel, hoje com 28 anos, formado em relações internacionais e ex-funcionário da Gerdau, o acompanhou na viagem. Durante o ano e meio em que ficaram por lá, os irmãos Nahas (pronuncia-se Narrás) estudaram, trabalharam e, principalmente, ficaram atentos a modelos de negócios que poderiam ser replicados no Brasil. “A galera costuma ir para ficar na praia o dia todo. Eu aproveitei para surfar, mas o nosso objetivo principal era o crescimento cultural e profissional”, afirma Jorge, que trabalhou no ABN Amro Bank enquanto viveu na Austrália — Daniel, enquanto isso, arrumou emprego na British Telecom.

Os irmãos voltaram a São Paulo em 2005 com um punhado de boas ideias e decididos a empreender. Criaram a empresa O Melhor da Vida, com R$ 200 mil tirados das próprias economias. A inspiração veio das atividades que eram promovidas pelo ABN Amro Bank para seus clientes e funcionários australianos. “Eu ganhei um batismo de mergulho na Grande Barreira de Corais e sempre acompanhava os clientes em partidas de golfe proporcionadas pelo banco”, diz Jorge. “Percebi que esse tipo de atividade diverte e motiva os participantes e facilita muito o relacionamento e a prospecção de novos clientes.” A empresa dos Nahas começou, então, a oferecer as chamadas experiências para o mercado corporativo brasileiro. São atividades esportivas como golfe, paraquedismo, automobilismo e equitação; relaxantes como spas e terapias alternativas; e turísticas, como visitas à Amazônia ou um safári na Áfica.

Antes de voltar ao Brasil, a dupla pesquisou o mercado australiano e ainda visitou os Estados Unidos e a Europa em busca de modelos de negócio. Ficou claro que nenhuma empresa brasileira estava estruturada para explorar o potencial do mercado local. No começo, a O Melhor da Vida concentrou-se no mercado corporativo. Deu certo. Em 2006, o faturamento foi de R$ 300 mil. No ano seguinte, as vendas mais do que dobraram, para R$ 675 mil. O sucesso atraiu a atenção da Orange Soluções Integradas, holding que controla três empresas do ramo de incentivos, que adquiriu, em 2007, 10% do capital da companhia. Em 2009, a O Melhor da Vida absorveu uma concorrente, a BpBp, e tornou o seu dono, Vinicius Kamei, vice-presidente e potencial sócio minoritário. O faturamento anual da empresa gira em torno de R$ 5 milhões.


AMBICIOSOS DEMAIS?
Para atender também o varejo, os Nahas investiram R$ 500 mil em um sistema eletrônico de gestão. Assim, foi criado um portal em que os clientes podem adquirir diretamente suas experiências, a partir de R$ 49. São, ao todo, 2.500 diferentes possibilidades. Tem até viagem espacial, que sai por US$ 20 milhões (até hoje, nenhum cliente se arriscou). Após finalizar a compra, o consumidor recebe uma caixinha colorida com um voucher, que pode então ser trocado por uma experiência. O software administra o agendamento da atividade e contata o fornecedor. “Nós quase nunca precisamos entrar no processo”, diz Jorge.

Os Nahas têm outros negócios. Logo que voltaram de viagem, eles lançaram uma empresa de venda direta de filtros de água, a FontVital. A companhia foi incorporada pela empresa da família, a Sap Filtros, até hoje administrada pelo pai da dupla. “A FontVital foi uma espécie de incubadora para a O Melhor da Vida. Aprendemos muito”, diz Jorge, que aos 15 anos já revendia material esportivo para clubes, academias e escolas. Outro empreendimento é a Top Suítes, que oferece acomodações para estudantes universitários a preço competitivo. Criada em 2006, a empresa já tem 100 suítes em oito prédios em São Paulo e deve dobrar de tamanho em pouco tempo.

Na O Melhor da Vida, o objetivo é vender até um milhão de experiências por ano — hoje, são de 100 mil a 120 mil. Para chegar lá, os Nahas planejam levar a operação a 15 países até 2015 (Chile, México e Argentina já no ano que vem). Eles querem atingir entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões de faturamento anual em 2015. Ambiciosos demais? A Smartbox, uma empresa francesa que é, ao mesmo tempo, inspiradora e concorrente da O Melhor da Vida, fatura R$ 1 bilhão anualmente.

Fonte: PEGN

Nenhum comentário:

Postar um comentário