terça-feira, 19 de julho de 2011

Senado dos Estados Unidos derruba subsídios ao etanol


O Senado dos Estados Unidos concordou em acabar com a tarifa de importação sobre o etanol brasileiro e com os subsídios da indústria americana de etanol de milho no fim deste mês de julho. A decisão, firmada nesta quinta-feira (7/7), é fruto de um acordo entre democratas e republicanos, que foi liderado pela senadora Dianne Feinstein, antiga opositora às tarifas, que convenceu os senadores Amy Klobuchar e John Tune, que apoiavam o subsídio, a desistirem da cobrança.

Desde 1980, os Estados Unidos concedem um subsídio de US$ 0,45 por galão de etanol de milho misturado à gasolina e impõem uma tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol importado. A retirada dos subsídios ocorre num momento em que os Estados Unidos se empenham para cortar os gastos do governo. “Os americanos chegaram no limite do que podem produzir de etanol e vão ter quer abrir as portas para o produto brasileiro”, avalia Fábio Silveira, analista da RC Consultores.

Em junho, o Senado já havia aprovado, com maioria de 73 votos a 27, o fim imediato dos benefícios ao etanol americano. A vitória indicou a disposição política do Congresso para terminar com o sistema de subsídios e tarifas. Para incentivar o desenvolvimento de uma indústria de combustíveis alternativos, os Estados Unidos desenvolveram, na década de 1980, um sistema de subsídio que atualmente paga 45 centavos de dólar para cada galão (3,8 litros) de álcool misturado à gasolina. Para evitar que o subsídio beneficie produtores estrangeiros, os americanos também criaram uma tarifa de 54 centavos de dólar por galão de álcool importado. O sistema custa US$ 6 bilhões anuais aos cofres públicos e beneficia usinas de álcool e produtores de milho, matéria-prima da produção de biocombustíveis. Pelo acordo fechado nesta quinta-feira (7/7), deixarão de ser pagos US$ 2 bilhões em subsídios no período entre agosto e dezembro, quando o sistema inicialmente iria expirar.


Reflexo no Brasil
A decisão, apesar de beneficiar as exportações brasileiras de etanol, não afeta, no curto prazo, os planos da indústria sucroalcooleira, “ainda que venha a reforçar a necessidade de investimentos no setor”, avalia Julio Maria Borges, da Job Economia e Planejamento.

Para o analista, a decisão consolida a indústria mundial de etanol. Mas antes que o Brasil possa ser beneficiado pela queda dos subsídios será preciso ampliar a produção de cana no país. Pelos cálculos de Borges, para atender de maneira decente os mercados internos e externos de açúcar e etanol, a área cultivada com cana deve dobrar no Brasil até 2020, passado de 7,5 milhões de hectares, para 15 milhões de hectares, o que renderá uma safra de 1,2 bilhão de toneladas de cana no período.

“O momento é ideal para investimentos no setor, pois no longo prazo não há previsão de excesso de oferta, a venda de carros flex no mercado interno é crescente e há horizonte de aumento das exportações”, diz Silveira.

Até lá, no entanto, o Brasil estuda maneiras de dar mais equilíbrio ao mercado. Com a alta dos preços do produto em plena safra – que no caso do hidratado registrou alta de 14% em trinta dias - governo estuda a redução da mistura de etanol anidro de 25% para 18% na gasolina. A preocupação é de que além da alta de preços, possa haver desabastecimento do produto durante a entressafra até que os investimentos no campo sejam consolidados.

fonte: globo rural

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