segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Barco movido a energia solar, Turanor Planetsolar será usado em pesquisas climáticas


No ano passado, depois de se tornar o primeiro barco a energia solar a dar a volta no globo, o Turanor Planetsolar poderia ter pegado seus 510 metros quadrados de células fotovoltaicas e oito toneladas de baterias de íon-lítio e navegado em direção ao pôr do sol.

Mas o Turanor está se transformando em uma embarcação científica, pelo menos durante este verão do hemisfério norte. O barco, um catamarã de 100 pés e custo de US$17 milhões, projetado por um aventureiro suíço e bancado por um empresário alemão, cruzará a Corrente do Golfo estudando o papel dos aerossóis atmosféricos e do fitoplâncton na regulação do clima, sob o comando de Martin Beniston, um climatologista da Universidade de Genebra.

O cruzeiro de pesquisa, com cinco tripulantes e até quatro pesquisadores a bordo, começou em Miami e seu itinerário passa pela Terra Nova e Islândia, para monitorar a corrente do nordeste, com o final da viagem em Bergen, na Noruega.

Sendo totalmente alimentada pelo sol – as células solares de alta potência carregam as baterias que acionam motores elétricos conectados às duas hélices –, a embarcação não produz emissões de dióxido de carbono ou outros gases que possam contaminar o ar. E o barco não tem problemas em ir devagar, se necessário, enquanto coleta amostras da água – a velocidade média é de 5 nós.

“Ele não é uma embarcação de pesquisa”, declarou Bastiaan Ibelings, ecologista microbiano da Universidade de Genebra e que está trabalhando no projeto. O catamarã precisou ser montado com equipamentos de pesquisa, incluindo uma “caixa de balsa”, criada originalmente para balsas no Mar Báltico, que registra constantemente a temperatura, salinidade e outras características da água. Ele também tem uma “caixa biológica” desenvolvida pelo departamento de física aplicada da universidade, que usa um laser para analisar o número e os tipos de aerossóis em amostras de ar.

A questão dos aerossóis gerados pelo oceano – partículas sólidas ou líquidas suspensas na atmosfera que podem ter um impacto na formação de nuvens, no reflexo da luz solar e em outros processos – é algo relativamente novo na ciência do clima, afirmou Beniston.

“Acreditamos que o oceano deva ser um colaborador bastante grande” de aerossóis através da ação das ondas e do vento, disse ele, mas não se sabe sua abundância e como diferentes tipos são distribuídos. “Seu papel exato ainda está aberto a discussões”, acrescentou.

A Corrente do Golfo é uma das correntes oceânicas mais estudadas do mundo, mas o plano de Beniston é examinar algumas de suas estruturas em menor escala. Estas incluem os redemoinhos, ramificações giratórias da corrente (que, mesmo sendo menores do que a Corrente do Golfo, ainda podem ter mais de 300 quilômetros de diâmetro).

Os redemoinhos costumam ter maior afloramento de águas mais frias e profundas do que a própria Corrente do Golfo. Assim, um objetivo é examinar se diferentes condições da água produzem tipos diferentes de aerossóis. Com sua pesquisa de plânctons, Ibelings quer descobrir se a condição da água em redemoinhos resulta em menos ou mais diversidade biológica do que em outros locais.

As modificações no catamarã – que também incluíram novas hélices e o remodelamento dos aposentos para oferecer espaço de trabalho aos pesquisadores – foram realizadas em um estaleiro francês depois que o barco terminou sua circunavegação de 19 meses e 60 mil quilômetros, em maio de 2012.

Excetuando os problemas de custo e velocidade, ainda assim o Turanor Planetsolar apresenta alguns desafios únicos. Além do vento, ondas e corrente, é preciso analisar a quantidade de luz solar atingindo as células fotovoltaicas, para manter as baterias mais carregadas possível – para o caso de longos períodos com tempo nublado (totalmente carregadas, elas podem alimentar o barco por cerca de 72 horas).

(Ambiente Brasil e Portal IG)

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